A HISTÓRIA DO LIVRO
A Mulher
A existência de Jean Taylor era de uma banalidade abençoada.
Uma boa casa, um bom marido.
Glen era tudo o que sempre desejara na vida: o seu Príncipe Encantado.
Até que tudo mudou.
A Mulher
A existência de Jean Taylor era de uma banalidade abençoada.
Uma boa casa, um bom marido.
Glen era tudo o que sempre desejara na vida: o seu Príncipe Encantado.
Até que tudo mudou.
O Marido
Os jornais inventaram um novo nome para Glen: monstro era o que gritavam
e lhe chamavam.
Jean estava casada com um homem acusado de algo impossível de imaginar.
E à medida que os anos passaram sem sinal da menina que alegadamente
raptara, a vida de ambos foi sendo escrutinada nas páginas dos jornais.
A Viúva
Agora, Glen está morto e pela primeira vez Jean está só, livre para contar a
sua versão da história.
Jean Taylor prepara-se para nos contar o que sabe.
Quatro anos após o desaparecimento de Bella Elliot, de dois anos, Glen
Taylor é atropelado por um autocarro e morre. Glen era o principal suspeito
no caso de Bella, mas foi absolvido após provas cruciais serem dadas como
inadmissíveis.
Após a morte, a sua mulher Jean é, de novo, o foco das atenções dos
jornalistas. Jean convida a jornalista Kate Waters para ir a sua casa para uma
entrevista. Ao mesmo tempo Bob Sparkles ainda está a investigar o caso de
Bella, apesar de ter sido afastado duas vezes, porque os superiores estavam
preocupados com a sua obsessão pelo caso.
As perguntas de Kate a Jean e as respostas dela são reveladoras de
que Jean sabe mais sobre o envolvimento do marido, no rapto.
Bella, uma criança, desaparece do jardim de sua casa quando
a mãe por breves instantes a perde de vista.
Bob Sparkes, o detective, é incansável e não dormirá
descansado enquanto não descobrir Bella. Kate, por sua vez, vê na notícia um
grande furo jornalístico que não quererá perder.
Glen é o principal suspeito, que desde cedo sabemos ter
morrido. Como afectará esta suspeita a Viúva de Glen, Jean Taylor? Saberia ela
de alguma coisa? Estaria envolvida no desaparecimento? Ou, é ela também uma vítima
nesta trama?
É um thriller que surpreende e mantém o leitor em estado
alerta, tentando encontrar pistas que determinem, ou coloquem em causa, o suspeito.
A história conta com várias perspectivas e vários flashbacks conferindo uma
maior amplitude visual sobre todo o enredo.
A dúvida é a palavra de ordem nesta história. Um conceito que
Fiona Barton tenta alimentar ao longo do livro, quando, subtilmente põe em
causa dados que tomávamos como certos e sólidos.
Na história sobressaem 3 personagens, Jean Taylor – a viúva,
o detective Bob Sparkes e Kate Waters – a jornalista.
O detective Bob Sparkes é o clássico detective que não
consegue largar o caso, e enceta, determinado, a jornada na procura da verdade
que envolve a pequena Bella, colocando em causa a sua própria carreira e
emprego.
Kate Waters é a jornalista dedicada, com uma grande
capacidade de persuasão e muita ambição à mistura. Dotada de um limitado pudor
quanto à privacidade e uma limitada lealdade, quando em causa está o seu
objectivo: obter a notícia.
Esta personagem acaba por ter um simbolismo de maior relevo se
pensarmos que a autora é, também ela, jornalista de investigação, sendo mesmo
uma das jornalistas que seguiu em Portugal o caso Maddie: um caso de relevo (e
cobertura mediática) internacional sobre o desaparecimento de uma criança, em
2007 no Algarve, para o qual nunca se chegou a saber o que realmente aconteceu
à criança.
Achei que a experiência
jornalística da autora foi devidamente vertida na história. É curioso ver uma
jornalista falar do sufoco que as "suas vítimas" são sujeitas, como
se aproveitam das debilidades das mesmas para alcançar os objectivos.
A evolução da personagem Jean Taylor é consistente e é
eficaz. Jean revela traços de uma personalidade submissa, dependente e leal.
Com o desenrolar da história, Jean vai crescendo, libertando amarras, num
processo mais introspectivo do que extrospectivo, em que testemunhamos as
questões e dúvidas aflorarem à consciência da personagem.
Há aqui, de facto, um trabalho meticuloso na exposição da
fragilidade da personagem alimentando, paralelamente, a dúvida do leitor. Houve
também a intensão de uma sobreexposição de Jean, através da morte de Glen. Será
que a verdade morre com ele?
Outro elemento que a autora aproveitou, na minha opinião,
foi a memória colectiva que temos de Maddie, ainda que nunca seja feita tal
referência (no livro) rapidamente nos vemos a transferir para esta história uma
“segunda” tentativa de conhecer o desfecho do desaparecimento.
A autora disse numa entrevista recente que se encontra a
escrever o segundo livro. Mal posso esperar. J
Recomendado para este Verão.