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Cynthia disse a Anne que não levasse a filha Cora, a bebé de seis meses, para sua casa na noite do jantar para que ela e o marido Marco tinham sido convidados. Não era nada de pessoal. Ela simplesmente não suportava o choro de crianças. Marco não se opõe. Afinal, eles vivem no apartamento do lado. Têm consigo o intercomunicador e irão alternadamente, de meia em meia hora, ver como está a filha.
Cora dormia da última vez que Anne a tinha ido ver. Mas, ao subir as escadas da casa em silêncio, ela depara-se com a imagem que sempre a aterrorizou. A menina desapareceu. Anne nunca tivera de chamar a polícia, antes disso. Mas agora eles estão lá e quem sabe o que irão descobrir... do que seremos capazes, quando levados além dos nossos limites?
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Mas ao contrário do que esperava, em boa verdade, esse facto não me aproximou mais da história! Pensei: a velha história de se foram ou não os pais, vamos ter aqui um livro que nos vai manter na incerteza até ao fim ... previsível...
E como estava enganado ...
O interessante desta história é como vai ganhando fulgor
paulatinamente, como sub-repticiamente se vai impondo, ganhando autenticidade,
e acima de tudo a forma como nos ilude e nos sacode! Há 3 reviravoltas
interessantes que dão a este livro um toque magnetizante e o tornam uma
sugestão literária a não perder!
A mim, como sabem, apaixona-me a dinâmica da escrita, o
processo e encadeamento dos elementos. A forma como o autor surpreende (com
sucesso) o leitor! A capacidade dele nos provocar e sair vitorioso... é que não
só tem que nos conquistar a atenção como também tem que nos deixar a satisfação
de uma boa história e a vontade de um retorno aos seus livros. Posto isso, parte em desvantagem, porque (normalmente) um leitor já sabe qual é o objectivo. Imaginem o que é querem assustar vos mas vocês previamente saberem a intenção, é, regra geral, um intento condenado ao fracasso.
O enredo começa lento, com os analogismos referidos e quando
menos esperamos levamos um "murro"! Somos sacudidos, como que tivéssemos
despertado e num momento de confusão não saibamos onde estamos. "O que
diabo aconteceu! O que é que eu perdi?".
Depois a páginas tantas a história toma novo rumo, e começamos a tecer desde as
mais simples às mais elaboradas e intrincadas teorias, e mais uma vez a autora
espanta-nos! Presumindo eu que a ideia era adivinhar quem era o culpado e o
mesmo ser desvendado no final do livro, Shari Lapena vai e oferece-nos um culpado
confesso de bandeja (ainda faltava ler grande parte do livro)!
Deixou-me confuso e espicaçou-me a curiosidade! Se tinha
duvidas de que eu não conseguia prever o enredo ali estava uma clara provocação
da autora. :) E acima de tudo ainda faltava muito para acabar o livro! O que ela terá mais para oferecer? Deixo que descubram isso no livro ;)
O desfecho foi bem conseguido e serve muito bem a história.
Esta é uma companhia que recomendo para estes primeiros dias
de regresso ao trabalho/escola. Uma mistura que contém entre outros: adultério,
crime, depressão pós parto, cobiça, conspirações, mentiras e dúvida.
Boas leituras. ;)