Archive for dezembro 2013

Bom Natal e Bom Ano

Livros e marcadores deseja-vos:
Um Santo Natal e um Prospero Ano Novo.

Obrigado pela vossa preferência, avizinha-se um novo ano, novos desafios e novos projectos. Queremos começar o ano com uma postura positiva e contagiar todos os nossos leitores. :)

Por isso os nossos votos para 2014 são que todos possam aproveitar o calor das suas famílias, a cor de um sorriso, a felicidade de uma caricia e um bom livro.

Bom Natal, Boas Entradas e boas leituras. ;)

Paulo Pires

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Opinião: As Recordações de Edna

As Recordações de Edna 
 by Sam Savage





Título: As Recordações de Edna
Autor: Sam Savage


Págs: 184

Editora: Planeta


Género: Ficção

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O Livro

Em As Recordações de Edna, o autor regressa, mais uma vez, com uma personagem marcada pela contradição – ao mesmo tempo atraente e exasperante, cómica e trágica.

O livro transporta-nos ao campo de batalha interior de um autor frente à sua máquina de escrever.
Quando uma editora lhe solicitou que escrevesse um prefácio ao romance do seu falecido marido, Edna decide escrever um livro autónomo «não apenas sobre Clarence mas também sobre a minha vida, porque ninguém pode aspirar a conhecer Clarence sem isso».

Ao mesmo tempo, a vizinha pede-lhe que tome conta do seu apartamento repleto de plantas e animais. As exigências dos seres vivos – uma ratazana, peixes, fetos – competem pela atenção de Edna com recordações há muito reprimidas.

Dia após dia, páginas de pensamentos aparentemente aleatórios brotam da sua máquina de escrever.
A pouco e pouco, toma forma no mosaico de memórias a história de um casamento notável e de uma mente levada ao limite.

Serão as recordações de Edna uma homenagem ao marido ou um acto de vingança?
Terá sido a vítima culta e hipersensível de um marido bruto e ambicioso, ou terá ele tido que cuidar de uma mulher neurótica?

Cabe ao leitor decidir.


Opinião 



Escrito na primeira pessoa, escasso em diálogos, este livro convida o leitor a mergulhar na mente de Edna.

O enredo é focado essencialmente na vida desta personagem, no seu quotidiano e nas alterações que a necessidade de tratar da casa da vizinha lhe impõem.

Através desses pequenos episódios rotineiros e da sua escrita Edna tece reflexões com a sua própria vida e na de Clarence onde a ironia e as suas vincadas convicções alicerçam esta história.

Inicialmente achei arriscado, confesso, a forma como eram expostos os pensamentos, a fugacidade e alternância dos mesmos. Mas estes pequenos farrapos criaram algo mais vasto, mais complexo. Apesar de a mente humana ser um instrumento que trabalha e evolui através de relações, cuja linha condutora nem sempre é linear, temi que esta exposição pura e dura afecta-se o interesse do leitor, mas fui agradavelmente surpreendido pelo resultado e pela forma como me foi apresentado este livro.

Para mim foi uma das melhores pinturas da solidão que li, e digo para mim porque a interpretação deste livro é tão marcadamente pessoal que o resultado noutro leitor pode ser completamente diverso.

Gostei especialmente da preocupação patente da personagem e nas suas reflexões quanto à escolha das melhores expressões e palavras para transmitir determinada ideia no seu livro. Gostei das suas aventuras na tarefa "árdua" de tratar das plantas e dos animais de estimação da sua vizinha.

O cuidado mostrado na construção da personagem é meritório, os pensamentos que se repetem intencionalmente, os esquecimentos frequentes de tarefas vão solidificando Edna, revestindo-a de alma, propiciando ao leitor o reconhecimento e identificação com qualquer pessoa da mesma idade.

 
Este é um livro focado na reflexão interior, não falo apenas no enredo mas também reflexão do próprio leitor. Tece-se uma intimidade e proximidade desmesurada com a personagem.

Quanto à escrita «Satisfaz os requisitos mínimos» diria o pai de Edna, eu diria que os suplanta e sobressai pela perícia literária demonstrada. Considero a escrita próxima, e assustadoramente íntima. Gostei. :)





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Uma Duquesa em fuga

 







Título: Uma Duquesa em fuga
Autor: Jennifer Haymore
Págs: 312
Editora: Planeta

«Emocional, sensual e encantador, este romance de amor proibido é para saborear.»
RT Book Reviews

O livro

Simon Hawkins, duque de Trent, está habituado aos escândalos.

Os rumores e insinuações caíram sobre a Casa de Trent durante décadas, e Simon teve de limpar o nome de família. Vive por um rigoroso código de honra, mas quando tem de investigar o desaparecimento da mãe, o ilustre duque vai também encontrar a tentação, pois depara-se com a única mulher que amou que também é última mulher que devia desejar.

Sarah Osborne passou a vida a sonhar com o toque de Simon. Mas os duques não se interessam por criadas. Sarah acredita que, o beijo roubado despertou uma paixão que pode ser a sua ruína. Mas ao começarem um romance proibido, surgem inimigos dispostos a destruir o duque e tudo o que ele ama.
Simon vê-se preso numa teia de chantagem e, enfrenta uma escolha angustiante: sacrificar o futuro da família ou partir o coração de Sara..


O autor

Jennifer Haymore teve uma vida de aventuras em criança: viajou pelo Pacífico Sul com a família num veleiro construído por eles.

Os meses que passou no mar, às vezes calmo, por vezes em fúria, acendeu o seu amor pela aventura e romance.

Trabalhou numa livraria e ensinou crianças, mas continuou sempre a escrever.
Descubra mais sobre a autora em www.jenniferhaymore.com

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A Queda de Artur

 










Título: A Queda de Artur
Autor: J. R. R. Tolkien
Págs: 248
Editora: Europa-América


O livro

A Queda de Artur, a única incursão de J. R. R. Tolkien nas lendas do rei Artur da Bretanha, pode muito bem ser vista como a sua mais delicada e hábil aventura na métrica aliterativa do inglês antigo, tendo concedido à sua interpretação inovadora das antigas narrativas uma sensação penetrante da natureza grave e determinista de tudo o que é contado: da expedição ultramarina de Artur até às distantes terras pagãs, da fuga de Guinevere de Camelot, do regresso de Artur à Bretanha e da grande batalha naval, no retrato do traidor Mordred, nas dúvidas atormentadas de Lancelot no seu castelo francês.

Infelizmente, A Queda de Artur foi um dos seus vários poemas longos inacabados. Há evidências que terá começado a escrevê-lo no início dos anos 30 do século passado e estaria num estado suficientemente avançado para que o enviasse a um amigo perspicaz, que o leu com grande entusiasmo no final de 1934, e o incentivou a concluí-lo com urgência: «Tem mesmo de o terminar!» Contudo, foi em vão. Tolkien abandonou-o, em data desconhecida, ainda que alguns indícios apontem para 1937, o ano de publicação de O Hobbit e das primeiras incursões em O Senhor dos Anéis. Anos mais tarde, numa carta de 1955, disse que «esperava terminar um longo poema sobre A Queda de Artur», mas esse dia nunca chegou.
Associadas ao texto do poema, existem, contudo, várias páginas manuscritas; uma grande quantidade de rascunhos e experiências em verso, nas quais a estranha evolução da estrutura do poema é revelada, juntamente com sinopses narrativas e notas deveras significativas, ainda que desesperantes. Nestas últimas, é possível discernir associações claras, ainda que misteriosas, do fim de Artur com O Silmarillion e a amarga conclusão do amor de Lancelot e Guinevere, que nunca chegou a ser escrito.


O autor

J. R. R. Tolkien nasceu a 3 de Janeiro de 1892 em Bloemfontein. Depois de ter servido na Primeira Guerra Mundial, Tolkien abraçou uma distinta carreira académica e foi reconhecido como um dos melhores filólogos do mundo. No entanto, é mais conhecido como o criador da Terra Média e autor das clássicas e extraordinárias obras de ficção como O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion. As suas obras foram traduzidas para mais de 60 línguas e venderam milhões de exemplares em todo o mundo. Foi premiado com um CBE e um grau honorário de Doutor em Letras pela Universidade de Oxford, em 1972. Faleceu em 1973, com 81 anos.


Christopher Tolkien nasceu a 21 de Novembro de 1924 e é o terceiro filho de J. R. R. Tolkien. Nomeado por Tolkien como seu executor literário, tem-se dedicado, desde a morte do pai, em 1973, à edição dos escritos não publicados, nomeadamente O Silmarillion e as colecções intituladas Contos Inacabados de Númenor e da Terra Média e The History of Middle-earth (A História da Terra Média). Ele e a esposa vivem em Baillie, França, desde 1975.

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Opinião: A bibliotecária de Auschitwz

A bibliotecária de Auschitwz 
 by Antonio G. Iturbe





Título: A bibliotecária de Auschitwz
Autor: Antonio G. Iturbe


Págs: 384

Editora: Planeta


Género: Histórico/Romance

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O Livro

Um livro diferente de tudo o que já leu sobre o Holocausto e de que poucos têm conhecimento. Pela primeira vez ficamos a saber da existência de livros num campo de extermínio.

Minuciosamente documentado, e tendo como base o testemunho de Dita Dorachova, a jovem bibliotecária checa do Bloco 31, este livro conta a história inacreditável, mas verídica, de uma jovem de 14 anos que arriscou a vida para manter viva a magia dos livro, ao esconder dos nazis durante anos a sua pequena biblioteca, de apenas oito volumes, no campo de extermínio de Auschwitz.

Este livro é uma homenagem a Dita, com quem o autor tanto aprendeu, e à memória e valentia de Fredy Hirsh, o infatigável instrutor judeu do Bloco 31 que criou em segredo uma pequena escola e uma ainda mais minúscula biblioteca, apenas com oito livros.

No meio do horror, Dita dá-nos uma maravilhosa lição de coragem: não se rende e nunca perde a vontade de viver nem de ler porque, mesmo naquele terrível campo de extermínio nazi, «abrir um livro   é como entrar para um comboio que nos leva de férias.»


Opinião 


Este é um livro assombroso, tocante e realmente humano.

Esta obra transcende a mera ficção, é uma obra que marca o leitor.

Oferece um retrato de uma realidade que nos parece impossível de conceber por mais vezes que se fale sobre ela. 

A história cativa e faz-nos torcer por desígnios diferentes daqueles milhões de pessoas. Conhecemos a realidade mas ainda assim queremos acreditar que algo diferente pode alterar-lhe a sorte e o passado.

O valor desta obra reside na lembrança do que sucedeu, no seu papel histórico, na procura de que determinadas verdades não se percam (ou as façam perder) nas brumas da memória colectiva. Temos tendência a esquecer, julgo que é um mecanismo de auto-preservação humano. Mas a história mostra-nos, que a vida como muitas outras coisas, é feita de ciclos, e com mais ou menos detalhes voltamos a ver erros hediondos que se repetem. Quero acreditar que este episódio histórico vai prevalecer para nos lembrar da ténue "humanidade da humanidade".

Tenho a certeza que por mais que visualize estes relatos e me toquem fundo no meu âmago, que a minha percepção é ínfima em relação ao que de facto aconteceu.
Esta obra oferece-nos também um relato da vida de uma mulher forte, energética, vincada que apesar da tenra idade se impõe uma maturidade transcendente.

Sempre gostei de sublinhar que uma das peças que mais me fascinam nos livros são as personagens, Dita, apesar de real, acaba por se tornar uma personagem extraordinária desta história que é a vida com uma construção (e narração) exemplar. Será para mim uma heroína, um foco intenso de força e determinação. Uma menina com uma inocência tórrida e uma perspicácia arguta. Tal é a força interior e a sua intensidade de viver, como refere o livro, que nem Hitler a conseguiu derrotar.

Gostava de realçar o cuidado das precisões históricas (e investigação) que o autor teve o cuidado de oferecer ao leitor. 

Um livro intenso que não posso deixar de recomendar.


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