Opinião: Não Digas Nada de Mary Kubica



 
Um thriller psicológico intenso e de leitura compulsiva, Não Digas Nada revela como, mesmo numa família perfeita, nada é o que parece.

Tenho andado a segui-la nos últimos dias. Sei onde faz as compras de supermercado, a que lavandaria vai, onde trabalha. Nunca falei com ela. Não lhe reconheceria o tom de voz. Não sei a cor dos olhos dela ou como eles ficam quando está assustada. Mas vou saber.

Filha de um juiz de sucesso e de uma figura do jet set reprimida, Mia Dennett sempre lutou contra a vida privilegiada dos pais, e tem um trabalho simples como professora de artes visuais numa escola secundária.

Certa noite, Mia decide, inadvertidamente, sair com um estranho que acabou de conhecer num bar. À primeira vista, Colin Thatcher parece ser um homem modesto e inofensivo. Mas acompanhá-lo acabará por se tornar o pior erro da vida de Mia.





O livro versa sobre o rapto de Mia. Sabemos, desde cedo, que a vitima sobreviveu ao mesmo, uma vez que a história alterna entre o antes e o depois do resgate. Mia, é uma mulher de "boas famílias", que se desviou do caminho que o pai tinha idealizado para ela. 

Marginalizada por um pai controlador e focado no trabalho, Mia reclama a sua independência desde cedo e trilha um caminho à margem da “vontade” da família.


A história é-nos apresentada sob três perspectivas, não incluindo a vítima, favorecendo a perspectiva e visão do leitor e mantendo o suspense. As personagens que dão voz à história são a mãe da vitima - "Eve", o policia encarregado da investigação - "Gabe", e o raptor - "Colin".

A história não seguindo uma linha temporal linear, oscilou, como já referi, entre o antes e o depois do rapto, facto que faz com que esse evento ganhe outra amplitude e seja o centro da história. Crescendo a curiosidade do leitor em saber o quem, o como e o porquê.

Ao longo do livro o mistério adensa-se porque Mia sofre de amnésia, um mecanismo de auto preservação, segundo os médicos, facto que numa primeira fase fornece mais questões do que as pretendidas respostas que procuramos.


Este é um livro interessante, fiquei curioso com tudo o que se falou sobre o ele. Devo confessar que no início cheguei a sentir dúvidas, mas depois dos primeiros capítulos, este livro ganha notoriamente uma outra vida.

A história abraça-nos, e percorremos submissamente os pensamentos das personagens tentando advinhar o desfecho, testando teorias e entregando-nos à história.

O ingrediente que sobressai é o mistério, tão bem trabalhado.

As personagens, embora não surpreendam o leitor na sua evolução, são bem retratadas, consistentes e apelativas.

É interessante ver o trabalho efectuado na "libertação" da mãe de Mia das amarras de um casamento sufocante e paralisante.

Uma leitura a ter em conta para este Natal.


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