Opinião: As Raparigas Esquecidas de Sarah Blaedel



 

Numa floresta da Dinamarca, um guarda-florestal encontra o corpo de uma mulher. Marcada por uma cicatriz no rosto, a sua identificação deveria ser fácil, mas ninguém comunicou o seu desaparecimento e não existem registos acerca desta mulher.
Passam-se quatro dias e a agente da polícia Louise Rick, chefe do Departamento de Pessoas Desaparecidas, continua sem qualquer pista. É então que decide publicar uma fotografia da misteriosa mulher. Os resultados não tardam. Agnete Eskildsen telefona para Louise afirmando reconhecer a mulher da fotografia, identificando-a como sendo Lisemette, uma das «raparigas esquecidas» de Eliselund, antiga instituição estatal para doentes mentais onde trabalhara anos antes.

Mas, quando Louise consulta os arquivos de Eliselund, descobre segredos terríveis, e a investigação ganha contornos perturbadores à medida que novos crimes são cometidos na mesma floresta.

Através de uma narrativa envolvente, vertiginosa e de forte impacto emocional, Sara Blædel não deixa o leitor descansar enquanto não chegar ao fim do livro.





Este é, segundo a autora explicou, o primeiro (#1) livro da trilogia da Unidade Especial de Busca. Apesar de já existirem outros livros envolvendo algumas das personagens constatei que, para meu agrado, a autora soube apresentar convenientemente o “backstory” e a contextualização das personagens.


Louise Rick é a nova directora técnica da Agência Especial de Busca, um novo projecto que arrojadamente abraçou e visa descobrir pessoas desaparecidas.


O primeiro caso é no mínimo insólito! 


É encontrado um corpo de uma mulher na floresta, que segundo os registos morrera enquanto criança! Para adensar o mistério … e se essa criança tivesse uma irmã gémea, também dada como morta na mesma altura? O que teria, afinal, acontecido? Estaria a irmã viva? Quem estará por trás destes desaparecimentos? Porquê?


Esta investigação acaba por trazer à luz verdades obscuras... e pelo caminho vemos a própria Louise debater-se com fantasmas do passado.


Desde cedo o livro "As raparigas Esquecidas" apresenta-se como um livro de emoções fortes, para quem como eu, mergulha na história e tenta desde logo imaginar as consequências do que é narrado na vida real.


A história é rica em situações que semeiam a dúvida e que fazem questionar as razões por trás de cada nova descoberta. São essas dúvidas que agarram o leitor ao livro, que vão alimentando a sua curiosidade, envolvendo-o pouco a pouco. Quando damos por isso estamos a devorar as últimas páginas.


Focando o abandono e rejeição a que estavam sujeitos os doentes mentais, e as consequências desse fechar de olhos da sociedade, acaba por ser transmitida uma mensagem forte de crítica social, item recorrente na escrita nórdica.


O que mais me fascinou no livro foi a impetuosidade da história. A dura realidade, tão bem desenhada, tão absurdamente cruel de algumas pessoas que vivem sob o jugo de outrem. 


Uma realidade que prolifera durante vários anos e que se enraíza e sufoca quem a ela está sujeito.


A personagem de eleição: Louise Rick, 40 anos, trabalhou no Departamento de Homicídios, é uma mulher determinada, com alguma resistência em se comprometer afectivamente depois de uma má experiência da sua juventude. E é esta resistência que a torna tão verosímil! O reconhecimento, a consciência, sem grandes remorsos da sua falta de aptidão para relações do fórum afectivo. 


A autora apostou no comprometimento de Louise, incrementando a complexidade da personagem, ao lhe atribuir um passado relacionado com os habitantes daquela povoação, o que se mostrou muito positivo na trama.


Uma série de argumentos que tornam esta a leitura perfeita para uma qualquer esplanada neste Verão.


Tenho uma particular predilecção por livros (thrillers/policiais) nórdicos, como tenho tipo oportunidade de mencionar ao longo dos meus textos, e é com agrado que vejo esta aposta da TopSeller.


Recomendado.

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