Na
ladeira das montanhas de Jämtland, na Suécia, seis corpos são
encontrados. Mais precisamente, seis esqueletos. Dois deles de crianças.
Os corpos foram enterrados há muito tempo. Para Sebastian Bergman, que
viaja para o local do crime com o resto da equipa do Departamento de
Investigação Criminal, estes factos só tornam ainda mais complexa a
investigação sobre quem são, quem os matou e porquê.
No início, Sebastian vê o caso como uma oportunidade de escapar da ex-namorada e passar algum tempo com a filha, Vanja. Uma oportunidade para tentar construir uma relação com ela antes que seja tarde demais.
Mas rapidamente descobre que está mais envolvido no caso do que gostaria de estar...
Dizer que estou em estado de choque é pouco! Ainda estou a
digerir o final do livro. Estou estupefacto com Hjorth e Rosenfedt!
Foi uma leitura intensa, nos últimos dias tinha que me
convencer a abandonar o livro, mesmo quando dizia que era só mais um capitulo,
sabia que me mentia descaradamente! Mas ainda assim só me deitava entre a 1h e
as 2h da manha, uma vez que só podia ler à noite! Foram quase 600 páginas de
pura adrenalina literária! Não pela acção em si, mas pela intensidade do
enredo.
Há pessoas que têm um dom, não duvido disso… e estes dois
autores são prova viva disso. Diz-se que a escrita é uma actividade solitária,
mas Hjorth e Rosenfedt vieram para quebrar convenções e provam, mais uma vez,
que há parcerias que funcionam muito bem e com um esmagador e reconhecido sucesso internacional.
Lembram-me os seus congéneres Maj Sjöwall e Per Wahlöö, os reis do crime nórdico
(nas palavras do The Guardian), na forma como se evidenciaram e marcaram a literatura
policial pela qualidade da sua escrita.
O livro ...
Foram descobertos 6 cadáveres enterrados e a equipa de
Torkel é chamada ao local.
Paralelamente, há dois imigrantes que desapareceram e há
quem os procure e não se conforme, mesmo passados vários anos.
Sebastian procura aproximar-se da sua filha.
O Homem ausente é o terceiro da série #Sebastian, logo depois
de Segredos Obscuros (#1) e o Discípulo (#2), os três pela mão da Editora Suma.
Esta é uma série de livros nórdicos, um sub-género literário que adoro, o meu
preferido, e que seria um “crime” não se publicar em Portugal.
Foi interessante ver a evolução deste livro. A forma como a
complexidade inerente a trama nos agarra e nos encosta contra a parede!
A investigação é uma linha condutora e com muito destaque no
livro. Contudo ao contrário do que seria expectável, embora Sebastian faça
parte da equipa, o seu contributo para a investigação é pouco relevante, mas
por outro lado alimenta tramas paralelas que nos incendeiam os sentidos. Que nos
viciam e nos impelem a não largar o livro, que apesar das suas 590 páginas
tememos que terminem a qualquer instante.
Uma escrita corrida, conhecedora e fluída, recorrendo a capítulos muito pequenos para aumentar a intensidade da história. Saltando de
evento em evento e jogando com os capítulos em suspenso.
Sebastian como sempre é a estrela, não tanto por estar
debaixo dos holofotes mas mais porque os seus actos trazem implicações …, quer
sejam intencionais ou não.
Os conflitos internos de Sebastian, que oscilam entre
motivos nobres e o puro egoísmo dão uma grande margem de manobra aos escritores
e deixam o leitor sempre na dúvida. Neste livro vemos Sebastian com outros
olhos, com ligeiras variações no seu comportamento. Há quem sugira mais “humano”,
embora não me parece que seja essa a palavra correcta.
Vemos um Sebastian mais contido nos seus actos, na forma
como se expressa, com repercussões transversais nos que o rodeiam, mas em
contrapartida vemos um Sebastian mais manipulador.
Reparei que os autores aproveitaram também para dar mais
destaque a algumas das personagens da série, para meu deleite.
Temos o caso de Billy, de quem vamos conhecer um “guilty
pleasure” estranho que pode abrir um leque de possibilidades, temos o caso de
Vanja, cujo passado recente com Sebastian (no último livro) os tornou mais
próximos e seguimos a par e passo uma série de acontecimentos que a afastam temporariamente da
investigação.
Temos a oportunidade
de conhecer Jennifer, um novo elemento que pode vir a substituir Vanja! E por
fim temos Ursula, cuja vida pessoal a expõe um pouco mais aos leitores. Vemos
uma mulher um pouco diferente do que a que nos habituamos a ver, mais frágil,
carente até …
O final foi dilacerante, ainda me encontro a digerir, mas
não vou estragar-vos o prazer de descobrirem por vocês próprios.
Confesso que receio o impacto que este livro vai ter nas
minhas próximas leituras de 2017! Este livro deixou a fasquia muito, muito
alta!
Como não podia deixar de ser RECOMENDO.
Parabéns pela aposta Editora Suma, quando vem o próximo?
Opinião: Segredos Obscuros de Hans Rosenfeldt, Michael Hjorth (com QP) aqui
Opinião: O Discípulo de Michael Hjorth, Hans Rosenfeldt aqui
Opinião: O Discípulo de Michael Hjorth, Hans Rosenfeldt aqui