Opinião: Nem Tudo Será Esquecido de Wendy Walker



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     Na pacata cidade de Fairview, no Conneticut, a vida parecia perfeita até à noite em que um acontecimento trágico chocou a comunidade. Jenny Kramer, uma adolescente com quinze anos, é brutalmente violada depois de sair de uma festa.

Os médicos decidem administrar-lhe um fármaco usado nos casos de patologias de stress pós-traumático, eliminando as memórias do incidente. Contudo, nos meses seguintes, Jenny é surpreendida com sensações que a fragilizam psicologicamente, levando-a a tentar o suicídio.

O pai, Tom, está determinado a descobrir o culpado e fazer justiça. A mãe, Charlotte, age como se nada tivesse acontecido. Os pais de Jenny procuram a ajuda do psiquiatra, Alan Forrester. Nisto, o seu casamento é posto à prova, revelando segredos e fragilidades, bem como a teia que une toda a comunidade.

Afinal, todos têm algo que não desejam revelar e a busca pelo violador conduz a um thriller psicológico com um desfecho inesperado e perturbante.
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Jenny é sujeita a uma cruel violação! A solução médica proposta e aceite é um fármaco que promete atenuar ou mesmo terminar com o efeito do stresse pós traumático eliminando a memória do incidente!


Tom, o pai, está obcecado em apanhar o culpado e Charlotte, a mãe, tenta agir como se nada tivesse ocorrido.


Mas a solução médica não deu os resultados esperados ... o que leva os pais a recorrerem a um psiquiatra: Alan.



Bem pesado, e após uma franca reflexão gostei do trajecto que o livro teve. É um livro um pouco diferente, é parco em diálogos o que pode, numa primeira fase, comprometer a fluidez da leitura. Mas após essa barreira (psicológica) ser quebrada é um livro que cumpre cabalmente o seu propósito!

 
Começamos com uma espécie de narrador omnipresente, que aparentemente tudo sabe e que só depois revela quem é. As reflexões que acompanham a narrativa magnetizam a atenção do leitor. Impulsiona-o a reflectir e testar as afirmações com a sua própria vivência e é aqui, nesta aparente inocência da narrativa que o autor agarra o leitor, que o trás para si. Impele uma reacção emocional, ainda que inconsciente, facilitando a criação empatia com as personagens, com os seus problemas. Incita-o a viver os seus dramas a partilhar das suas preocupações …


O autor aproveita de uma técnica interessante para manter a curiosidade do leitor! Vai revelando pequenos factos que nos deixam curiosos e que promete revelar mais à frente.


Na história é-nos permitido aferir da hipersensibilidade de alguém (Jenny) que passou por um grande trauma e não dispõe de âncoras nem conexões emocionais para poder expiar os acontecimentos dramáticos e seguir em frente.


Tom e Charlotte, são um casal com os seus próprios problemas e que no decurso desta viagem se vêem obrigados a expor mais do que queriam, a desvendar segredos incómodos e devastadores.


Prepare-se para um mergulho profundo na mente humana! Prepare-se para ver como é fácil manipular essa mesma mente. Mas cuidado! Não vá acabar por ser manipulado também. :)


Alan, mostra-se uma personagem bastante interessante e complexa. É-nos apresentado como uma pessoa idónea, integro, humano. Veste um papel de isenção, compreensão e coerência. A sua atitude parece irrepreensível e ainda assim mostra-nos desde cedo a fragilidade, condicionalismo e vulnerabilidade da mente humana. E nesse trajecto esquecemos que também ele é humano, também ele tem fragilidades, comete erros, …


Há uma cena interessante que Alan, sai do seu pedestal de isenção(!): quando fala da família, da mulher, do que os distingue, das diferenças entre ambos. É nesta cena que vemos uma transição incrível, abrupta e inesperada! E ainda assim o vemos contradizer estas mesmas palavras pelo ascendente que a mulher tem sobre si e que ele próprio reconhece. 

Há aqui um processo incrível de humanização expondo as fragilidades e inseguranças do ser humano.


O que fica deste livro(?), é que no fim de contas esta não deixa de ser “uma perspectiva”, um lado da história, oferecida pela subjectivamente de quem narra a história...









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