Opinião: A Mulher do Meu Marido de Jane Corry





 

Lily é advogada e, quando casa com Ed, está decidida a recomeçar do zero. A deixar para trás os segredos do passado.

Mas quando aceita o seu primeiro caso criminal, começa a sentir-se estranhamente atraída pelo cliente.

Um homem acusado de assassínio. Um homem pelo qual estará em breve disposta a arriscar tudo.

Mas será ele inocente? E quem é ela para julgar?

Mas Lily não é a única a ter segredos. A sua pequena vizinha Carla só tem nove anos, mas já percebeu que os segredos são coisas poderosas, para obter o que deseja.

Quando Lily encontra Carla à sua porta dezasseis anos depois, uma cadeia de acontecimentos é posta em marcha e só pode acabar de uma forma... a pior que Lily podia imaginar.




É engraçado o que aprendemos com os livros de ficção! 

O livro respira drama, incerteza, culpa, meias verdades. Diria eu, terreno fértil e prometedor onde qualquer escritor de thrillers gosta de trabalhar.


Para mim o livro divide-se em 2 partes, o ponto que divide os dois planos é de fácil assunção. Digo dois planos porque é para mim discernível dois patamares diferentes de escrita.


E a mim estas questões técnicas da escrita deliciam-me.


Lily é uma personagem na qual facilmente nos revemos. Conseguimos ver uma pessoa repleta de sonhos, acabada de casar com Ed -
aspirante a artista, que se vê recluso de uma profissão que não gosta- e ainda a viver o conto de fadas da lua de mel.

Outra das facetas de Lily é a sua humanidade, que vemos quando se prontifica a ajudar Carla, uma criança sua vizinha.


Como todos nós, tem as suas inseguranças, mas revela uma notória baixa estima. Fruto desse facto, ou não, surgem alguns episódios que vão minando a confiança entre o casal.


É aqui que Jane Corry faz a primeira investida e começa a semear a dúvida.


Profissionalmente, ela é uma advogada a dar os primeiros passos no campo criminal. É empurrada para um caso de um homicídio esbarrando com um homem peculiar que fala com ela por meio de enigmas testando-a repetidamente! Um homem difícil mas cheio de recursos...


Desta estranha relação, Lily começa a sentir uma espécie de hibristofilia (atracção por criminosos) pelo seu cliente.


Outra personagem interessante é Carla, uma criança negligenciada que vive com a mãe solteira. É uma criança sofre bulling e que tem uma forma muito peculiar de digerir os factos de não ter pai e ter recursos financeiros muito limitados. E aprende desde cedo que há certas formas (menos éticas) de obter o que quer.


A primeira parte deste livro passa-se durante o julgamento e a sua tentativa de defender o cliente. Na segunda parte, anos depois, vemos as consequências da resolução judicial deste caso ...


Quanto a mim, a segunda parte tem uma maior dinâmica do que a primeira. Passamos de uma fase de "leitores passivos" para um papel muito mais relevante e gratificante.


Vemos conflito vivo, somos surpreendidos por determinadas opções das personagens, por pequenas e deliciosas reviravoltas. Sentimos prazer pelos desígnios do destino. E acima de tudo vemos como Lily reage à adversidade, como a gere.


Estou curioso para ver a evolução da autora.



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