Até a obra de arte estar completa, a morte vai ter de esperar.
Quando a enfermeira Melinda Wallis entra no quarto de um paciente a seu cuidado, mal pode imaginar aquilo que vai encontrar. Derek Nicholson, um importante advogado de Los Angeles, foi brutalmente assassinado. O homicida mutilou os seus membros e construiu com eles uma escultura. Chamado de emergência ao local do crime, o inspetor Robert Hunter não percebe as motivações por detrás de um crime tão hediondo. Especialmente porque Nicholson, que sofria de cancro em fase terminal, já não tinha muitas semanas de vida.
Quando um segundo corpo aparece num barco ancorado na marina de Los Angeles, o mistério adensa-se. Trata-se, agora, de um agente da polícia. E o macabro da cena repete-se, com o corpo decepado a criar uma escultura estranha.
Qual será a ligação entre as duas vítimas? Que significado terá a disposição dos seus corpos? O que estará o assassino a querer dizer? Um thriller vibrante e misterioso, com surpresas e revelações inesperadas ao virar de cada página..
A arte sempre foi controversa! Sempre dividiu opiniões e sensibilidades. Mas há um limite para tudo ...
Um reputado advogado que sofria de cancro em estado terminal foi assassinado e
serviu de matéria-prima para uma escultura!
Quando Robert é chamado ao local e analisa o cenário, nada parece fazer sentido. Porquê matar alguém que já tinha a morte no horizonte? Porquê tanta violência no crime? Qual será o significado da mutilação do corpo e da disposição dos membros?
A autopsia traz mais dúvidas do que certezas. Não fosse suficiente esta encruzilhada, o assassino volta a atacar e não parece ter vontade de parar!
Chris Carter é um excelente escritor. Adoro a série #Robert Hunter.
Cada autor tem uma assinatura própria, única. Há traços que marcam e identificam uma escrita, denunciam o autor. :) São traços que acolhemos e nos criam um laço de empatia com a sua escrita. E julgo que nesta série existe essa coerência de estilo. Essa assinatura cuja simetria é transversal a todos os livros.
Com isso quero dizer que quando mergulho no mundo de Chris Carter vou com altas expectativas, acomodo-me, dispo-me de preconceitos e anestesio a minha sensibilidade pois sei que vou precisar do meu lado "racional a 100%" para analisar e tentar desvendar coerência no "porquê?" para chegar ao "quem".Embora o escritor não nos facilite a tarefa, convenhamos.
As reviravoltas são muitas e oportunas, quebram a pseudo-ociosidade da investigação quando não se encontram soluções e mantém ávido o leitor pela próxima cena.
Os crimes que nos são apresentados vão em crescendo. Cada novo livro suplanta o precedente em termos de violência. A inteligência do criminoso segue o mesmo caminho! E ainda assim, apesar dos crimes hediondos, Carter consegue dar-lhe um toque mais analítico do que explicito.
Podem reparar que no livro há essa mesma constatação por parte das personagens quando confessam que apesar da sua experiência nunca terem visto situação semelhante...
O tal toque analítico é uma das características que encontro e gosto no autor! O crime atroz é descrito mas o segredo está na forma como o faz. O foco recai mais na repugnância que a equipa sente face à consternação e incompreensão implícita no crime do que propriamente na atrocidade cometida! Há um propósito que suporta a elevada brutalidade dos crimes, não há uma leviandade na crueldade exposta.
A trama traz uma nova personagem, uma mulher, que rivaliza com a inteligência de Robert, haverá romance no ar? Tensão sexual parece haver. E o cupido Garcia tenta dar um empurrão.
Outro detalhe que aprecio são os conhecimentos médicos/forenses vertidos na história que fortalecem os alicerces da história como constatamos na análise forense feita às vitimas e nas conclusões da mesma.
Mais uma vez os sentidos servem de aperitivo à história ... e antecipam o horrendo crime. Preparem-se ...
Quanto às personagens ...
Robert reveste uma inteligência e tenacidade que nos magnetiza. É um homem solitário por opção, que dorme muito pouco e lê muito. E neste livro o autor oferece-nos um pouco mais da personagem. Do seu passado.
O seu fiel escudeiro, Garcia - um brasileiro tal como o autor, representa uma espécie de oposto para equilibrar a balança.
De um lado temos Garcia, com o casamento "perfeito" que contrasta com a solidão de Robert. Temos a consistência da personalidade de Garcia que se opõe a alguns laivos de impulsividade irreflectida que vêm à superfície em alturas cruciais da trama por parte de Robert que normalmente o colocam em perigo. Temos a elaborada tenacidade da psicologia de Robert versus a racionalidade de Garcia. Mas no caminho complementam-se e transmitem uma presença forte que funciona muito bem.
Gostei da história, da sua construção, da forma como envolve e capta a atenção do leitor.
Recomendo e sugiro como prenda de Natal. ;)
Aguardo ansiosamente pelo próximo.