Opinião: A Hipótese do Mal



  

Todos nós já sentimos, em algum momento, o desejo de desaparecer.

De deixar tudo para trás. Para alguns, isso transforma-se numa obsessão que os consome e engole, até que acabam por desaparecer na escuridão. Todos se esquecem deles. Todos, menos Mila Vasquez, investigadora no Gabinete das Pessoas Desaparecidas.

Sem que ninguém o conseguisse prever, indivíduos que se esfumaram no vazio há vários anos regressam com intenções obscuras. Uma série de crimes, sem relação aparente entre si, traz consigo uma descoberta surpreendente: os seus autores são pessoas que se pensava desaparecidas para sempre. Onde estiveram durante tanto tempo? E porque regressaram? Qual o plano maléfico a que obedecem?

Mila percebe que para travar este exército das trevas não lhe bastam os indícios. Tem de dar à escuridão uma forma, um sentido, precisa de formular uma hipótese sólida, convincente, racional… A Hipótese do Mal.

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"-Alguma vez ouviste falar na Hipótese do Mal?" (pág. 230), é um dos trillers do momento, e um livro que sobressai no rol dos bons livros que tive a oportunidade de ler este ano.

Sem dúvida um surpreendente e apaixonante thriller.

 Este é o terceiro livro do autor publicado em Portugal, o segundo da série # Mila Vasquez. Apenas tinha lido O Tribunal das Almas, mas já garanti o livro que me falta (e o primeiro da série) Sopro do Mal. (conforme a foto testemunha) 


«Uma obsessão é o processo degenerativo de uma rotina.» pág. 293

Pessoas desaparecidas emergem e tornam-se improváveis assassinos. 

Mila, pertence ao Gabinete das Pessoas Desaparecidas., com uma determinação e obsessão extremas em relação ao seu trabalho, junta-se a Simon, um policia marginalizado, que esteve envolvido numa investigação, vinte anos atrás, com contornos semelhantes aos destes desaparecimentos.

As personagens são fantásticas:

Mila Vasquez é uma mulher marcada profundamente pelo seu passado, com uma inexistente relação de proximidade com a sua filha, e com uma tendência para a auto-mutilação.

Simon Berish, é um polícia rejeitado, estatuto que ganhou num caso anos atrás de onde surgiram acusações de corrupção. Desde dessa altura passou a ser marginalizado pelos seus colegas. Contudo detêm um dom inusitado, consegue obter as confissões mais sombrias dos suspeitos que interroga.

A forma como o livro é apresentado é engenhosa, á medida que a acção vai aumentando a sua intensidade, o tamanho dos capítulos diminui. 

Aos poucos as revelações vão surgindo saciando a procura de respostas do leitor, e à medida que a narrativa fluí vamos compreendendo o contexto e a envolvente desta brilhante história.

«Ás vezes, é necessário ir ao fundo do inferno para conhecermos a verdade sobre nós próprios.» pág. 358

O livro baseia-se na premissa de que todos nós, em algum momento da vida, ponderamos desaparecer e gostaríamos ter um “renascer”, soltar as amarras com o nosso passado e recomeçar. Este sentimento de auto-identificação com o enredo tornam mais intima e vivida a experiência de ler este livro.

Nas últimas páginas, o autor brinda-nos com alguns detalhes suculentos do making off do livro. Confidencia-nos que houve um anónimo, com quem trocou mails, que supostamente utilizou o desaparecimento para ter um novo recomeço. E a experiência num pseudo-desaparecimento a que o autor se submeteu para percepcionar a experiência na primeira pessoa.

Este livro conquistou-me logo nas primeiras páginas.







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