Irène
é um dos mais originais e poderosos thrillers dos últimos anos. Uma
homenagem à literatura policial que só poderia ser escrita por um
apaixonado pelo género e por um grande escritor como Pierre Lemaitre.
O
autor recorre a cinco cenas clássicas de crimes - de Bret Easton Ellis a
James Ellroy -para criar uma obra psicologicamente densa, surpreendente
e arrebatadora.
Duas mulheres foram assassinadas de uma forma selvagem e não
existem muitas pistas que permitam a Camille Verhœven descobrir o responsável
por tais atrocidades.
Com a pressão mediática e a gravidez da mulher não se
afigura fácil a tarefa de Camille. E os crimes não ficam por ai ...
Depois de ter lido "Alex" e de o ter considerado o
melhor livro do ano, "Iréne" tornou-se uma obsessão, sabem aquele
livro que queremos ler a todo o custo? Por vezes as razões que levam a esta obsessão
são diversas, desde as mais banais ás mais complexas! Pode ser pela capa, pela
sinopse, por uma review ou, no meu caso, pela qualidade da escrita, pela
envolvência que o autor oferece e pelo sentido oportuno da palavra que o autor
revela. Não é por acaso que trato o autor por Mestre Pierre Lemaitre, de facto
a capacidade do autor para nos atar à história é impressionante.
Há livros que nos lançam numa leitura voraz, este eu
obriguei-me a ler pausadamente, queria atentar todos os detalhes, todos os
mecanismos que o autor nos oferece. E como não poderia deixar de ser mostrou-se
uma escolha acertada.
Os crimes do livro são bárbaros e com descrições muito
gráficas que podem chocar as pessoas mais sensíveis, mas que encaixam
perfeitamente numa narrativa única e expressiva. O enredo leva-nos a mergulhar no
mundo literário dos policiais, o que muito me agradou. Recomendo a leitura
atenta das descrições (no geral) e das reflexões apresentadas. Um nível
superior!
«Era um homem de idade
indeterminada, comprido como um dia sem pão (...) in Irene pag 40
É de facto um autor que lidera, com um reduzido pelotão, o
melhor da literatura policial internacional.
Outro dos argumentos que deve ser tido em conta é a
personagem de Camille Verhœven da qual emana uma aura surpreendente. Desde a
descrição física até aos seus pensamentos mais rotineiros. Camille mostra-se
uma personagem que por si só incita o leitor a ler e a questionar-se
continuamente.
Diz o The New York Times que o escritor começou a escrever
tarde, de facto consigo entender, pela qualidade literária demonstrada, a
profundidade da ideia contida nesta frase. Mas vamos esperar que Pierre
Lemaitre nos ofereça ainda muitos e bons livros.
Recomendo, obviamente!