Opinião: O Discípulo de Michael Hjorth, Hans Rosenfeldt






 

Numa Estocolmo em chamas, assolada por uma onda de calor, várias mulheres são encontradas brutalmente assassinadas.

Os assassinatos têm a marca de Edward Hinde, o assassino em série preso por Bergman há quinze anos, e que continua detido.

Sendo um incontestável profiler e perito em Hinde, Sebastian é reintegrado na equipa, e não demora muito a perceber que tem mais ligações com o caso do que pensava. Todas as vítimas estão diretamente ligadas a eles. E a sua filha pode estar em perigo.




A dupla Hjorth & Rosenfeldt somam e seguem. Mais uma aposta ganha! Depois de "Segredos Obscuros" a editora Suma de Letras traz-nos "O Discípulo", o segundo livro da série #Sebastian Bergman, na minha opinião um livro que consegue superar o anterior...


Várias mulheres aparecem brutalmente assassinadas. Em todas elas parece haver pontos comuns indiciando o trabalho meticuloso de um assassino em série.


No decurso da investigação encontram-se evidências da assinatura de Hinde, um assassino em série que Bergman prendeu há anos atrás e que despoletou a sua carreira e reconhecimento como profiler. O problema é que Hinde encontra-se preso, supostamente sem qualquer contato com o exterior. Estaremos perante um imitador? 


Que ligações haverá entre este caso e Bergman? Conseguirá a equipa de Riksmord lidar com o feitio peculiar de Bergman e encontrar o assassino?



Quando tomei conhecimento deste livro mal podia esperar por começar a ler. Gostei muito do anterior o que indiciava que esta seria uma boa leitura. E não me enganei.


Há várias coisas que saltam à vista neste livro. Há o tamanho! As 672 páginas podem parecer muitas, mas não …, vão desejar que tivesse mais, acreditem …! 


Há também a capa. Não sou diferente da maioria das pessoas, uma capa bem estruturada, coerente desperta-me a curiosidade.


E esta capa ... é uma Capa digna de se ver. Emana uma aura forte. 


Não são as cores! Até porque há uma tendência monocromática na capa. O azul é a cor que predomina. Também não são os elementos por si só! É o todo que combina na perfeição, é o efeito que cria no leitor! Tanto na capa anterior como nesta há um animal cuja nobreza no porte realça a mensagem de serenidade, de indiferença à exposição e aparente desajuste. Numa interpretação muito pessoal interpreto as imagens como o declínio simbolizado pela construção decadente e abandonada do cenário. E em oposição temos a beleza única de um animal selvagem com porte altivo, instintivo e com a sagacidade própria destes animais.

Já a capa do livro anterior tinha sido alvo de honestos elogios aqui no blog, e esta não fica atrás. Não é costume referir-me à capa de um livro, até porque pode indiciar superficialidade na análise. Mas neste caso não resisto. Chamo a atenção também para o detalhe, a simplicidade e eloquência da lombada. Adorei, os meus parabéns a Pedro Aires Pinto.
 
Quanto à história, achei-a muito bem
estruturada. O feitio de Bergman trabalha como um elemento que sobressai e ganha uma importância vital no desenrolar dos acontecimentos. É interessante como uma pessoa que analisa a mente humana possa ter tendências anti-sociais. É certo que existe todo um conjunto de factores e o seu passado que nos ajudam entender a sua atitude mas estas contradições, próprias do ser humano, emprestam realismo à história. Além do seu feitio temos a sua promiscuidade sexual, uma mistura de urgente necessidade física e fugaz conforto psicológico da partilha do corpo, ainda que anónimo, de outrem.


Mais uma vez Thomas Haraldsson tem um papel interessante no evoluir da história, é lhe atribuído a tarefa de trazer bom humor, coisa que faz diligentemente. Lembra-me a personagem de Mr. Bean, a ingenuidade que carrega, o seu egocentrismo e uma ambição peculiar são cruciais no seu papel.


Acho interessantes as questões que os autores deixam em aberto, não no "caso em investigação" em si, mas questões conexas com a evolução das relações entre as próprias personagens, que nos fazem querer ler já o terceiro livro, nos faz querer conhecer mais delas. Os autores jogam um jogo complexo (e perigoso) com a curiosidade do leitor, e este, a meu ver, é uma das razões que prendem o leitor desde as primeiras páginas.


Um livro extraordinário. Forte, impulsivo e hábil na criação de empatia. Agarra-nos desde as primeiras páginas. Adorei.

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One Response to Opinião: O Discípulo de Michael Hjorth, Hans Rosenfeldt

  1. Já ando há imenso tempo para ler o primeiro, mas penso que me tem faltado o incentivo. Tenho de me dedicar a ele, agora que vi este post.
    Convido-o a passar pelo meu blog e deixar a sua opinião. Já ganhou mais uma leitora assídua por aqui!!
    http://thebooksonmyshelfs.blogspot.pt/

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