Opinião: A Mensagem na Garrafa de Jussi Adler-Olsen



 
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Em Wick, nos confins da Escócia, dois irmãos, ainda crianças, acordam amarrados e amordaçados num barracão para embarcações junto ao mar. As amarras com que estão presos são impossíveis de romper. Mas talvez alguns dos objetos deixados por perto possam ajudá -los: uma garrafa e alcatrão para a selar, uma farpa de madeira e papel para escrever uma mensagem de socorro…

Anos depois, na divisão de casos arquivados da polícia em Copenhaga, o inspetor Carl Mørck recebe uma garrafa que contém uma mensagem velha e quebradiça, escrita com sangue por dois rapazes. Será real? Quem são eles e por que razão ninguém deu o alerta do seu desaparecimento? Estarão ainda vivos? 


Inicialmente, a investigação não parece dar frutos, mas rapidamente Carl e a sua equipa dão por si no encalço não só destas crianças, mas também de muitas outras: rapazes e raparigas desaparecidos e que nunca mais foram vistos.


E seguem o rasto de um assassino cruel incapaz de parar....
.








Fiquei literalmente colado à história desde as primeiras páginas.



Uma garrafa de vidro com uma mensagem remete-me para mistério, para um pedido de ajuda. Desperta de imediato a minha curiosidade juvenil, provavelmente pela ideia provençal que fui construindo, em tenra idade, de um naufrago abandonado à sua sorte numa qualquer ilha deserta cuja ultima esperança recai naquele simples objecto de vidro.

E foi assim que começou a minha aventura nas palavras de Jussi Adler-Olsen.

Ao Departamento Q, sob a responsabilidade do inspetor Carl Mørck, chega uma garrafa com uma mensagem escrita a sangue! Dois irmãos correm risco de vida e na mensagem descrevem o seu raptor. Um estranho e incompleto pedido de ajuda. A mensagem não é clara, o tempo encarregou-se de diluir as palavras. Será real ou uma partida? Será ainda oportuna a investigação passado tanto tempo?
No meio de tropeços a investigação avança e surgem indícios que aquele caso pode ser bem mais profundo e complexo do que o previsto...

As personagens:
Carl, como sempre é um personagem inusual! Aliás, para abono da verdade, deve dizer-se que todos os membros da equipa são sui generis.
Carl é um paxá por excelência, se pudesse passava a hora de expediente a dormitar e logo após regressava a casa. Mas nos momentos cruciais dedica-se afincadamente ao caso que tem entre mãos colocando a sua própria vida em risco. É divorciado e dá guarida a um colega que foi severamente ferido há uns anos atrás num caso (não muito claro) que ambos investigaram e que ainda hoje o assombra.

Assad, cuja nacionalidade está sempre a ser colocada em dúvida, é trabalhador, emigrante e com várias lacunas linguísticas. Tem um peculiar sentido de oportunidade e ficamos sempre na dúvida se quando lhe mandam uma indirecta ele de facto não entende ou se se faz desentendido. É forte, mas claramente guarda segredos que deixam o leitor a tecer várias teorias. Tem um sentido arguto e é diligente na investigação. Supostamente casado e com filhos.

Rose é outro dos membros. Foi descartada de outro departamento por conduta inadequada
e feitio não muito fácil... Mantém um temperamento muito peculiar mas não são raras as vezes que surpreende Carl. Neste livro aparece Yrsa, irmã de Rose, que a vem a substituir durante algum tempo e que trás algumas peripécias engraçadas ao enredo.

Gostei do livro, ri com os episódios bem humorados preconizados por Assad ou Carl e num especial que envolve a ex-sogra de Carl :).
A história torna-se mais real e credível quando envolve crianças e quando nos tentamos colocar no papel dos progenitores vivenciando a dor da incerteza.

A simplicidade do enredo ajuda e dinamiza a fluidez da leitura. Por vezes apreciaria um pouco mais de complexidade, mas nada que fira a qualidade do livro.
Essa cadência regular ilude o leitor uma vez que o desarma e nos momentos de tensão cria um impacto, a meu ver, mais forte.

Outra peculiaridade para mim foi o desfecho, as últimas páginas sobressaltaram-me e num sentido positivo! Pareceu-me que houve ali uma ténue alteração na mecânica da escrita do autor! É que num desfecho bem conseguido tudo vale e nem sempre tem que acabar tudo bem ...
 
Recomendo e estou curioso do que vem por ai no próximo livro.


Convido a ler também a opinião: O Guardião das Causas Perdidas 
e a opinião: Desejo de Vingança de Jussi Adler-Olsen 

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