Opinião: Uma Gaiola de Ouro de Camilla Läckberg



«Como a vingança de uma mulher pode ser bela e brutal.» 

 



Uma história dramática sobre fraude, redenção e vingança.

Uma Gaiola de Ouro é um romance destemido sobre uma mulher que foi usada e traída, até tom
.
 
Com uma infância marcada pela violência e pela morte, Faye começa uma nova vida quando deixa Fjällbacka para trás e vai estudar para a universidade, em Estocolmo. Aí conhece o grande amor da sua vida, o jovem aristocrata Jack von Essen, com quem se casa e tem uma filha, Julienne. 

Quando, anos mais tarde, Faye descobre que Jack mantém uma relação com outra mulher e quer o divórcio, todo o seu mundo se vira de pernas para o ar. Sem casa própria, sem família e sem dinheiro, 
 
Faye vê-se forçada a procurar a jovem corajosa,inteligente e independente que fora em tempos. Ao mesmo tempo que recupera a sua força interior e a vontade de viver sem depender de nenhum homem, nasce uma necessidade de vingança. 

 



Camilla Lackberg é uma escritora engenhosa e neste livro a autora apresentou-se com um peculiar lascivo arrojo ...! 

A imprensa internacional, no início do ano anunciava que a autora tinha divulgado no seu instagram um novo livro a ser lançado simultaneamente em todo o mundo dia 11 de Abril: "Golden Cage". Relatava também que o livro não fazia parte da célebre série "Fjällbacka", série essa que me fez render à sua escrita e me tornou um devoto fã. Segundo a imprensa a autora apresentava este projecto com um desafio a si própria.



Quanto ao livro:

Nas primeiras páginas tropecei numa personagem que se antecipava demasiado linear e previsível, submissa. Faye é uma mulher que abdicou da sua vida profissional em prol de uma dedicação plena à família, e que se concentrou em demasia no sonho do marido abdicando do seu. Uma mulher que vive de e para as aparências.

  
Antecipei de imediato um desfecho para a história: mulher traída que se vinga do seu marido e ao mesmo tempo ascende ao seu lugar por direito próprio. Não que não gostasse da evolução prevista mas parecia-me uma receita há muito repetida, e nesta fase da minha vida procuro algo que saia dos moldes, que me surpreenda. Fiquei com receio que a autora, que tantas vezes me entreteve por horas tardias adentro, me desiludisse.


Mas ao longo da trama Faye revela-se não só enquanto personagem, como seria de esperar, mas numa perspectiva mais obscura e consequentemente mais gratificante!




Camilla vai alimentando um certo mistério em torno de Faye, uma promessa que vai ganhando forma a cada página lida. 


O plano, que permanece escondido quase até ao final, é o veículo que nos vai alimentando a curiosidade e a avidez da leitura. A história desenvolve-se acompanhada de vislumbres de um passado nubloso que vai ganhando nitidez e nos vais oferecendo uma imagem mais fiel da personagem. 


É um livro de leitura fácil e fluída que surpreende o leitor em diversas alturas da história, com alguns reveses pelo meio. 


Neste livro achei curioso a autora deixar determinadas situações em aberto! Deixar alguns pecados da personagem pendentes de punição. O mundo real reflecte isso mesmo, as inconsistências e imperfeições da vida… ou ... poderá haver outras razões para essa opção.




Camila reforça de alguma forma a sua predilecção por personagens femininas fortes, obstinadas e determinadas. Existem no livro alguns desenvolvimentos que necessitariam, quanto a mim, de ser melhor trabalhados para serem mais verosímeis, mas nada que afecte a história como um todo. 


Há de facto várias mudanças em relação às opções dos livros anteriores que caberá ao leitor opinar se são melhores, piores ou apenas uma nova faceta da autora.


Este livro foi o meu companheiro da viagem de retorno a casa durante escassos dias. No final do dia, no metro pegava no livro e embrulhava-me na história até chegar a casa.




Boas leituras.






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