Para
Harold Fry os dias são todos iguais. Nada acontece na pequena aldeia
onde vive com a mulher Maureen, que se irrita com quase tudo o que ele
faz. Até que uma carta vem mudar tudo: Queenie Hennessy, uma amiga de
longa data que não vê há vinte anos, e que está agora doente numa casa
de saúde, decide dar notícias. Harold responde-lhe rapidamente e sai
para colocar a carta no marco do correio. No entanto, está longe de
imaginar que este curto percurso terminará mil quilómetros e 87 dias
depois.
E assim começa esta viagem improvável de Harold Fry. Uma viagem que vai alterar a sua vida, que o leva ao encontro de si mesmo, a descobrir os seus verdadeiros anseios há tanto adormecidos e sobretudo vai ajudá-lo a exorcizar os seus fantasmas. Com este primeiro romance sobre o amor, a amizade e o arrependimento, A improvável viagem de Harold Fry,
que recebeu o National Book Ward, para primeira obra, Rachel Joyce revela-se uma irresistível contadora de histórias..
Este é um profundo mergulho numa caminhada
pela descoberta, da ingenuidade e do regresso ao passado.
A páginas tantas, damo-nos conta que calçamos
uns "sapatos de vela", e partilhamos da caminhada de Harold, ocupando
como ele, o lugar de ouvinte e de locutor. Reflectindo e redescobrindo-nos a
cada novo passo. Testando os nossos limites, e libertando-nos do supérfluo.
Uma viagem terna e marcante.
A história dá-nos algo mais que uma viagem,
algo mais que um reflexão. dá-nos uma perspectiva intrigante da dimensão humana
de nós próprios.
Quanto às personagens, são bem estruturadas,
coesas e dinâmicas.
Harold, encarna os seus conflitos internos e
externos e faz deles a sua força, a sua redenção. Sobressaí pela sua
preocupação genuína, e a sua necessidade de proteger todos aqueles que se aproximam.
Maureen, a mulher de Harold, preconiza um dos
episódios deliciosos, no inicio do livro, numa troca de palavras sobre geleia
com Harold, embora simples, este episódio denota tacto e inteligência na
construção literária da relação entre o casal.
Há caminhadas que só nós podemos fazer, sem
garantias de resultados favoráveis, e muitas das vezes sem preparação prévia.
Facilmente percebo porque este livro se tornou
um sucesso de vendas e recebeu o National Book Ward.
A não perder.