Opinião: Morte nas Trevas



  
Gabriel Ponte está finalmente decidido a dedicar-se à investigação privada, pondo fim à inatividade a que uma reforma antecipada da Polícia Judiciária o condenou.

O seu primeiro trabalho como detetive particular consiste em encontrar duas mulheres desaparecidas em Portugal, a pedido de um homem e de uma mulher de origem romena, antigos agentes da Securitate, a polícia política do ditador Ceausescu.

A sua investigação vai conduzi-lo a um confronto com um industrial romeno que cria porcos numa zona rural do concelho de Caldas da Rainha, e que esconde, afinal, segredos hediondos.
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À medida que avança neste caso, que vai pôr em risco a vida da sua própria família, Gabriel Ponte recebe a ajuda inesperada de um ex-oficial do KGB e das forças especiais russas, ao mesmo tempo que se torna o alvo da atenção de um inspetor da PJ, obcecado pela justiça.


 





Gabriel, o ex-inspector da Policia Judiciária, ávido pela adrenalina da investigação encontra numa estranha proposta a possibilidade de voltar ao "activo".

Mas tudo na vida tem um preço! E por vezes pode ser alto de mais!

A tensão do livro está ao rubro! Após as duas primeiras aventuras "Morte com  Vista para o Mar" e "Morte na Arena", este livro, para mim supera claramente os dois anteriores - que já na altura os considerei muito bons. "Morte nas Trevas" evidencia-se pela densidade, pela profundidade que o enredo nos oferece.

A escrita de Pedro revela-se, como sempre, experiente, criativa e com um dinamismo coerente e apelativo.

Quanto aos episódios de violência, gostei, faz-me lembrar o estilo da autora Mo Hayder, uma autora de quem sou fã incondicional. Gostei do arrojo colocado na descrição das cenas mais chocantes. São tão gráficas que chocam o leitor.

Quanto às suas personagens, Gabriel continua a sua evolução, parece-me mais focado e decido no campo pessoal mas tudo está em aberto.

Uma das novas personagens, nesta série, Ulianov - o ex-oficial do KGB, é uma personagem com presença. Desde logo o ar misterioso com que se apresenta, o seu ar misterioso e subtil, mas que contudo sobressai logo nas primeiras referências, torna-o uma peça basilar da história.

Esta série ganhou um lugar de destaque, por direito próprio, na minha estante de policiais. 

Como um grande policial que é, este livro, semeia no leitor a curiosidade e a inquietação no virar da página.  

Um livro não deve ser "fechado", não se deve extinguir na própria história, mas sim, deve permanecer na mente do leitor, como algo inacabado, algo que faça o leitor retomar o livro, mesmo depois de o ler. Deve conter, acima de tudo, um convite implícito e irresistível para voltar a ler outra obra do autor. E neste livro este detalhe não foi descurado.

Os meus mais sinceros parabéns a Pedro Garcia Rosado e à Editora TopSeller, pelo que estão a fazer pelos policiais portugueses, e o nível para o qual estão a elevar a ficção portuguesa.

Deixo as opiniões anteriores sobre os livros que compõem esta série:


Opinião: Morte na Arena

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