Opinião: Os Três de Sarah Lotz


 
O dia que nunca será esquecido.
O dia em que há quatro acidentes de avião, em simultâneo, em diferentes pontos do globo.
E três crianças sobreviveram.

O mundo vive atordoado com a trágica coincidência. À beira do pânico global, as autoridades são pressionadas a encontrar as causas que motivaram os acidentes. Com terrorismo e desastres ambientais fora da equação, não parece haver uma correlação lógica, tirando o facto de ter havido uma criança sobrevivente em três dos quatro acidentes.


Intituladas Os Três pela imprensa internacional, as crianças exibem distúrbios de comportamento, presumivelmente causados pelo horror que viveram e pela pressão da comunicação social. Esta pressão torna-se ainda mais intrusiva quando um culto religioso liderado por um ministro fanático insiste que as crianças são três dos quatro profetas do Apocalipse. E se, para mal de toda a Humanidade, ele tiver razão?

 






12 de Janeiro de 2012:

- Quatro acidentes de avião no mesmo dia

- Os acidentes acontecem em quatro continentes diferentes

- Sobreviventes? Três ... ou ... quatro?

Primeiro começo pela forma, num estilo diferente do habitual em ficção, Sarah Lotz utiliza recortes de entrevistas, livros, jornais, testemunhos, últimas mensagens das vitimas e conversas on-line para contar coerentemente a história. 

A história versa sobre quatro acidentes aéreos, e sobre os improváveis sobreviventes. É interessante ver como num estilo muito próprio a narrativa se constrói, passo a passo, informação a informação.
O contexto foi muito bem construído, os acidentes aéreos remetem-nos de alguma forma para o fatídico 11 de Setembro, e aproveita as imagens bem reais no inconsciente do leitor, da sua carga emotiva e do  impacto mediático dos mesmo a favor da narrativa. 

Esta é para mim uma das ferramentas mais interessantes da ficção, o conseguir com base em factos reais e comuns que a simples alusão a factos semelhantes levem a construir no imaginário do leitor uma imagem bem real.

A história revela um cuidado e uma exploração inteligente da pressão mediática, da curiosidade colectiva, da especulação e dos interesses que se criam e crescem perante o desconhecido. 

Não posso deixar de fazer uma referência à Floresta Aokigahara, que para mim foi uma "personagem" de relevo neste livro e me impeliu a pesquisas posteriores para validar e conhecer melhor a "sui generis" floresta.

Quanto ás personagens, a forma não potencia um profundo mergulho nos mesmos, mas julgo que a intenção é mesma essa, uma vez que a autora joga com a "dúvida". Embora eu adore personagens e gostasse de ver mais profundidade e visibilidade das mesmas.

Um livro no mínimo peculiar...

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