Um dia, quando o deixa sozinho no apartamento, Sheldon ouve ruídos na escada. Percebe que é uma vizinha a ser perseguida, a tentar proteger desesperadamente um filho pequeno. A mulher acaba por ser morta selvaticamente. Mas o octogenário consegue, in extremis, esconder a criança dos perseguidores. É o ponto de partida de um romance onde tudo nos surpreende.
Aos poucos, juntamos as peças do puzzle. Sheldon é afinal um ex-veterano da Guerra da Coreia, que há décadas vive num secreto inferno, a tentar expiar um crime involuntário. Num último esforço para se redimir, assume como missão salvar o filho da vizinha. Numa terra desconhecida para ambos, começa uma fuga épica, que os levará aos confins da Noruega - e uma perseguição implacável, movida por um gangue kosovar.
Um estranho lugar para morrer, considerado o melhor romance do ano por uma série de publicações, desafia qualquer definição. O ritmo e a tensão absolutamente sufocantes remetem para o thriller moderno, do mais fino recorte escandinavo. Mas o autor, um ativista do desarmamento e dos direitos humanos, usa a dramática epopeia de Sheldon para pôr a nu a violência latente na cultura ocidental.
Sheldon, um judeu americano, ex-marine de 82 anos, vai viver
com a sua neta e o seu marido para a Noruega. Vive com os fantasmas da
guerra e com a mágoa de ter perdido o filho. Quando tudo aparentemente se
encaminha para viver os últimos dias da sua vida, uma discussão entre os
vizinhos altera tudo obriga-o a agir…
Este é um livro que me encheu as medidas. Destacou-se
entre os livros que tive o privilégio de ler este ano!
O enredo é simples, "limpo" e
atractivo. E contém um delicioso jogo entre a demência e a lucidez.
A escrita é fluida, perceptível e coerente.
Aqui gostava de deixar uma nota de apreço à tradutora (e autora), Tânia Ganho,
por ter levado ao leitor esta obra impressionante e ter conseguido passar tão
vividamente esta história no seu todo para o papel e para a nossa língua.
Sheldon é de facto uma personagem que não vou
esquecer, a sua caracterização é excepcional. A sua postura perante a vida e a
sua determinação são convincentes e verosímeis. (Passei bons momentos na sua
companhia, e fez com que durante a leitura andasse sempre com um sorriso nos
lábios.)
É um homem inteligente, determinado, com uma
"lucidez" e um sentido prático da vida vincados. Não é um super
homem, mas sim uma personagem com uma humanidade que extravasa a ficção, com as
limitações próprias da idade, com um passado cheio e rico de experiências, com
as cicatrizes próprias de uma vida longa, e ainda assim, de alguma forma, um
incompreendido.
Quando pensamos num homem de 82 anos, vem-nos
à ideia: fragilidade, cansaço, demência, problemas de locomoção,...
Como se consegue tornar a aparente inércia em
algo bem mais forte, robusto e com um dinamismo surpreendente sem contudo
perder as amarras próprias da idade, e, ainda assim construir uma personagem
impar? Julgo que só lendo o livro e testemunhando este facto é que se consegue
alcançar a grandeza da personagem.
A tridimensionalidade foi amplamente
conseguida. Sheldon é um exemplo de caracterização, e para mim, uma das
melhores construções literárias que tive a oportunidade de testemunhar, no que
a personagens diz respeito.
Há dois detalhes que sobressaem e tornam este
livro Grande, nomeadamente "Sheldon" e o humor assertivo que
acompanha este livro.
Julgo que facilmente deduzem como este livro
me preencheu. São livros como este que me marcam, pela peculiaridade e pela
consistência, com personagens crediveis e revigorantes.
Este autor entrou na linha frente dos meus
autores de referência, e apenas com um livro!!
Mais do que recomendo. É um livro obrigatório
e uma prenda magnífica para este Natal.
Este livro destaca-se da generalidade dos policiais escandinavos. É profundo sem ser denso, apresenta um enredo interessante e tem uma personagem central fabulosa, daquelas que ficam na memória. Foi uma ótima surpresa.
ResponderEliminarCamila se pretender ler a nossa entrevista ao autor deixo o link. Eu gostei muito. http://livrosemarcadores.blogspot.pt/2014/12/close-up-interviews-derek-b-miller.html
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