Gostei do livro e foi com agrado que vi que o filme respeitou na sua essência, o enredo do mesmo. A percepção com que fiquei do filme é que começa com uma imagem desfoca e que a pouco e pouco vai ganhando contornos até se tornar completamente nítida. Gostei do filme tal como a minha mulher que ainda não tinha visto o filme. Recomendo
Convido-vos a (re)ler a opinião do livro publicada no nosso blog (aqui) e que aqui deixo um excerto:
«O livro conta a história de três mulheres cujas vidas se entrelaçam, se afectam e partilham muitas mais afinadas do que à partida possa parecer.
É uma história forte, com uma voz possante,
repleta de personalidade e cheia de simbologia. Faz-se acompanhar de
personagens credíveis e cruas, o que as reveste de uma proximidade interessante
e atractiva para quem lê.
O livro é-nos apresentado pela voz de três
personagens Rachel, Megan e Anna, cabendo a Rachel ser o fio condutor desta
intrincada história. Cabe a ela também unir todas as outras personagens, cabe a
ela ser a chave para o mistério que se adensa em cada nova cena.
Gostei simbologia atribuída ao comboio, a sua
recorrência que lembra os ciclos da vida e a sua propensão para repetir o
caminho trilhado como se de um percurso previamente definido se trata-se. O
paralelismo da passividade com que nos entregamos e aceitamos o que nos é
imposto. Uma entrega despojada de ambição a uma rotina que se enceta a cada
novo dia nas nossas vidas. A passividade desconcertante a que nos confinamos e
nos acomodamos.
A autora joga com a imaginação do leitor,
aproveitando os lugares comuns da fragilidade humana para encontrar a ligação
com o leitor. Utiliza um forte e inteligente mecanismo de conexão: as emoções.
Qual de nós não se perdeu em pensamentos num
ou noutro momento e conscientemente (ou inconscientemente) não ficcionou sobre
a vida de um estranho? Faz parte da natureza humana(!), é assim que nós criamos
(ou não) empatia por alguém que não conhecemos, com quem nem sequer falamos! É
algo que ultrapassa o racional, algo primário que se baseia nos nossos
instintos! Tendemos a estabelecer relações entre as nossa vivência, entre
"o que" e "quem" conhecemos, e com base em alguma
semelhança física, de atitude, de postura, do timbre de voz, de um gesto, de
uma reacção, criarmos uma pretensa imagem de alguém. E esta é a ideia que é
apresentada ao leitor, um começo ("Hook") forte e apelativo que à
partida apresenta mais perguntas do que respostas, como convém.
Quanto aos mecanismos usados: a autora
aproveita muito bem as limitações que providenciam as visões de vários
narradores, as suas naturais limitações, a sua subjectividade, como é o caso do
problema com a bebida e as repetidas perdas de memória de Rachel. »