Cinema: A Rapariga no Comboio de Paula Hawkins (depois do livro o filme)

Ontem foi dia de cinema. Recebi um convite duplo para ver "A Rapariga no Comboio" baseado no best seller de Paula Hawkins.

Gostei do livro e foi com agrado que vi que o filme respeitou na sua essência, o enredo do mesmo. A percepção com que fiquei do filme é que começa com uma imagem desfoca e que a pouco e pouco vai ganhando contornos até se tornar completamente nítida. Gostei do filme tal como a minha mulher que ainda não tinha visto o filme. Recomendo

Convido-vos a (re)ler a opinião do livro publicada no nosso blog (aqui) e que aqui deixo um excerto:

«O livro conta a história de três mulheres cujas vidas se entrelaçam, se afectam e partilham muitas mais afinadas do que à partida possa parecer.



É uma história forte, com uma voz possante, repleta de personalidade e cheia de simbologia. Faz-se acompanhar de personagens credíveis e cruas, o que as reveste de uma proximidade interessante e atractiva para quem lê.



O livro é-nos apresentado pela voz de três personagens Rachel, Megan e Anna, cabendo a Rachel ser o fio condutor desta intrincada história. Cabe a ela também unir todas as outras personagens, cabe a ela ser a chave para o mistério que se adensa em cada nova cena.



Gostei simbologia atribuída ao comboio, a sua recorrência que lembra os ciclos da vida e a sua propensão para repetir o caminho trilhado como se de um percurso previamente definido se trata-se. O paralelismo da passividade com que nos entregamos e aceitamos o que nos é imposto. Uma entrega despojada de ambição a uma rotina que se enceta a cada novo dia nas nossas vidas. A passividade desconcertante a que nos confinamos e nos acomodamos.



A autora joga com a imaginação do leitor, aproveitando os lugares comuns da fragilidade humana para encontrar a ligação com o leitor. Utiliza um forte e inteligente mecanismo de conexão: as emoções.



Qual de nós não se perdeu em pensamentos num ou noutro momento e conscientemente (ou inconscientemente) não ficcionou sobre a vida de um estranho? Faz parte da natureza humana(!), é assim que nós criamos (ou não) empatia por alguém que não conhecemos, com quem nem sequer falamos! É algo que ultrapassa o racional, algo primário que se baseia nos nossos instintos! Tendemos a estabelecer relações entre as nossa vivência, entre "o que" e "quem" conhecemos, e com base em alguma semelhança física, de atitude, de postura, do timbre de voz, de um gesto, de uma reacção, criarmos uma pretensa imagem de alguém. E esta é a ideia que é apresentada ao leitor, um começo ("Hook") forte e apelativo que à partida apresenta mais perguntas do que respostas, como convém.



Quanto aos mecanismos usados: a autora aproveita muito bem as limitações que providenciam as visões de vários narradores, as suas naturais limitações, a sua subjectividade, como é o caso do problema com a bebida e as repetidas perdas de memória de Rachel. »

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