Opinião: A Hora das Sombras de Johan Theorin




 
Numa manhã de setembro de 1972, na remota ilha de Öland, na Suécia, o pequeno Jens aventura-se na densa névoa, movido pelo desejo de explorar o mundo para além do jardim dos seus avós maternos; não regressaria mais a casa. Depois de vasculhada toda a ilha, a Polícia convence-se de que o menino terá caído ao mar e morrido afogado.

Vinte anos mais tarde, a mãe, Julia, recebe uma chamada inesperada do pai, um reformado mestre de embarcações, a residir ainda em Öland, dizendo-lhe ter recebido nessa mesma manhã uma encomenda anónima com uma das sandálias que Jens calçava naquele dia fatídico.

À luz de novas provas, é forçoso que Julia regresse à ilha para encetar novas investigações. Apesar de contrariada, acaba por aceitar o regresso à terra onde cresceu e, depressa, pai e filha se verão enleados num puzzle que os retém presos ao passado. Pela primeira vez, Julia ouve falar de um personagem mítico de Öland, um tal Nils Kant, que em tempos fora o homem mais temido. Mas há muito que Nils está morto e enterrado. Antes mesmo do desaparecimento de Jens. Não obstante, há gente que afirma tê-lo visto deambular pela charneca ao cair da noite…
A Hora das Sombras marcou a estreia literária de Johan Theorin com um thriller que deixa o mesmo sabor amargo típico da inquietude presente nas obras-primas de Hitchcock.

 



Suécia, ilha de Öland, Jens, uma criança de cinco anos, desaparece num dia de nevoeiro. O corpo nunca foi encontrado, mas assumiu-se que morreu afogado. A mãe, Júlia, passado 20 anos, ainda vive intensamente a perda. Uma estranha encomenda contendo uma sandália faz Julia voltar à ilha à procura de respostas...

Esta foi uma leitura que despertou a minha atenção logo pela capa, e para mim há uma simbiose perfeita entre a capa e a história. Podendo mesmo dizer que, para mim, a capa contem o espírito da obra.

A história é interessante, e joga com a "culpa" das personagens principais de uma forma eloquente, agarra o leitor pela multiplicidade de desfechos possíveis que vão surgindo à medida que nos embrenhamos na leitura.

Fiquei curioso, sendo este o primeiro livro da série "The Öland Quartet", qual será a direcção que o autor vai tomar em livros seguintes.

Este livro consegue dar uma perspectiva interessante, de como somos dependentes, não só da nossa vontade mas das circunstâncias e contexto que nos envolve em determinada altura.
Gostei do desfecho, da evolução, embora lenta, mas consistente e enigmática.

Quanto às personagens:
Júlia é uma mulher marcada pela perda que nunca conseguiu aceitar, vivendo numa constante depressão que a leva a isolar-se e refugiar-se na bebida.

Gerlof, pai de Júlia, octogenário, enigmático e perspicaz. Fica a seu cargo, de alguma forma, a responsabilidade de fazer avançar a história.

Nils Kant, um jovem com problemas de integração, que se isola e que cria um mundo só seu.
Mais um livro nórdico que ganha lugar na minha biblioteca. ;)

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