Sandra Brown, a segunda convidada das "Close up interviews" fala sobre o livro "O último minuto" (que estará à venda já na próxima semana), sobre hábitos de escrita e partilha connosco algumas confidências com um sentido de humor delicioso. (brevemente: versão inglesa)
Paulo
Pires (PP): A Sandra deu muitas entrevistas ao longo da sua vida. Vou começar
por perguntar: Qual a questão que menos gosta? E porquê?
Sandra Brown (SB): Não
gosto de «Onde vai buscar as suas ideias?». Isso é quase impossível de
responder. Às vezes posso dizer com certeza que a ideia surgiu a partir de uma
notícia, ou que eu queria escrever uma história sobre alguém numa determinada
carreira, ou que queria abordar uma questão social atual. Mas na maioria das
vezes, não faço tenho ideia de
onde veio a ideia. Apenas está lá.
(PP):
Que pergunta nunca lhe foi feita e que gostaria que fosse? E qual a resposta.
(SB): Esta é a única pergunta para a qual não tenho
resposta!
(PP):
Eu sigo-a no facebook, e uma das coisas que salta à vista é a relação forte e
especial que tem com a sua família. Começou a escrever quando foi despedida e o
seu marido foi quem a motivou a tornar-se uma escritora a “full-time”. Como
gere o seu tempo entre os seus dois amores, escrita e família? Nalgum momento tem que escolher?
(SB): Isso é muito perspicaz da sua parte – a minha família é extremamente importante para mim. Considero os meus filhos a minha maior
realização. São adultos com
as suas próprias famílias, e não me lembro de uma época em que não tenha escrito. Eles sempre me apoiaram.
O meu marido é o cônjuge mais paciente
e solidário do mundo! Ele permitiu-me
desinteressadamente seguir uma carreira
a fazer o que adoro fazer...porque me
ama. Nunca me obrigaram a escolher entre família e carreira, mas às vezes tenho de
fazer malabarismos com os horários
para acomodar ambos! Agora, com quatro netos, eu e o meu
marido esforçamo-nos por organizar encontros familiares.
(PP): Em “O último
minuto” escreveu pela primeira vez na primeira pessoa através de entradas em
diário. Eu julgo que o ponto de vista através da primeira pessoa é o mais íntimo,
a perspectiva que mais expõe a personagem (e o autor). É muito difícil escrever
na primeira pessoa?
(SB): Por acaso, gosto mais
de escrever e ler na terceira
pessoa do que na primeira. Mas,
a fim de poder divulgar bastantes
informações de fundo sem escrever
parágrafos da narrativa, o que poderia ter-se tornado entediante para o
leitor, revelei a história
passada através do diário de Flora. A sua voz era tão pungente que o diário acabou por ser uma forma muito eficaz de descrever outras personagens e revelar a sua história ao leitor.
(PP): O título, “O
último minuto” (“Deadline” – na versão original), tal como disse no seu vídeo
promocional, transporta a sensação de urgência. Como lida com os seus prazos (“deadlines”)?
São para si um problema?
(SB): Estabeleço prazos mais rigorosos para mim do que a minha editora. Voltando à vida em família, planeio férias em volta dos prazos de escrita que imponho a mim própria. Por exemplo, se planeamos algo para
julho, quero ser terminada a primeira versão do livro em
junho. E trabalho melhor sob pressão. Se preciso
de terminar, termino.
(PP): A Sandra não
só escreve, também motiva as pessoas a escrever! Em conjunto com o seu marido
criaram em 2008 o prémio “Scholarship Award” que «fornece um acompanhamento
integral “escolar” a estudantes que demonstrem excelência e significativo potencial
com escritores de ficção», atribuído anualmente, desde então. Fale-nos um pouco
sobre esse projecto.
(SB): Ter êxito na
indústria da escrita / edição é difícil. Muitas vezes, bons escritores têm de manter outros empregos durante anos
antes de poderem sustentar-se com a escrita. O meu marido e eu quisemos dar uma ajuda aos alunos que
já provaram a sua paixão pela escrita. Tivemos seis vencedores até agora, todos excelentes. Estamos muito orgulhosos desse legado.
(PP): Descreva-nos a
sua rotina de escrita.
(SB): Escrevo num escritório fora de casa, portanto,
«vou trabalhar» todos os dias da semana. Aos fins de semana, escrevo em casa. Muitas vezes escrevo sete
dias por semana, fazendo um intervalo de 2-3 dias de tantas em
tantas semanas, para estar com os amigos ou a família. Não sou madrugadora, por isso o meu dia de trabalho vai das 10:00 até às 18:00, aproximadamente.
À noite, leio. Essas horas são tão importantes como as horas de escrita. Para se ser um escritor, primeiro é preciso ser-se
um leitor voraz.
(PP) Planeia os
seus livros antecipadamente, ou deixa fluir?
(SB): Planear é uma boa palavra.
Antes de começar, já sei para onde vou.
Não sei exatamente como lá vou chegar. Já tenho a história
básica na cabeça, mas assim que
os personagens estão no seu lugar, e em «apuros», deixo a história desenrolar-se. Os personagens tomam as decisões por mim. Ouço o que dizem, vejo o
que fazem, escrevo-o. Às vezes, nem eu esperava algumas das melhores reviravoltas na história!
(PP) O que poderíamos
ver no seu local de trabalho, tudo coisas normais, ou tem algo distintivo ou
inusual?
(SB): Velas e flores. São «essenciais» para
mim. Além do computador,
livros de referência, blocos de notas, telefone, parafernália típica de escritório, há
sempre flores frescas e uma vela
perfumada sobre ou perto da minha
secretária
(PP) Conte-nos
algo sobre si que seja desconhecido e surpreendente.
(SB): Os fãs que me lêem há anos surpreendem-se quando me conhecem e ouvem a minha voz. Tenho um sotaque texano muito
acentuado. Também já ouvi, «não
esperava que a senhora fosse engraçada». Suponho que,
como os livros são sérios, as pessoas são muitas vezes surpreendidas pelo meu sentido de humor.
(PP):
Tem alguma história engraçada sobre “Tour”! de livros ou eventos de divulgação
de livros que possa partilhar connosco?
(SV): No início de minha carreira, eu estava numa sessão de autógrafos
numa loja de um centro comercial.
O dono da loja tivera imenso trabalho e
pusera-me numa mesa com flores e penas
para escrever, garrafas de água e um
prato de bolachas. Durante duas horas, ninguém apareceu.
Não autografei um único livro. Foi
humilhante. Quando eu estava prestes
a ir-me embora, uma mulher aproximou-se da mesa e eu pensei: «Finalmente! Uma
leitora.» Ela perguntou: «Quanto custam as
bolachas?» Acabei por lhas dar.PS: O meu agradecimento público ao cuidado da nossa parceira Quinta Essência, em toda a ajuda que nos deu para que esta excelente entrevista tivesse lugar.
Hum.. que perguntas interessantes...
ResponderEliminarObrigado, tentai ser um pouco diferente do que as perguntas frequentes. Quis saber mais sobre a autora.
EliminarAdorei a entrevista e estou ainda com mais curiosidade em ler o seu mais recente livro.
ResponderEliminarBeijinhos,
Maria Manuel
Obrigado Maria
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