Opinião: Aqueles Que Merecem Morrer de Peter Swanson


«Partilha os mesmos pontos fortes que Em Parte Incerta mas é ainda melhor.»
Entertainment Weekly
 

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui.


 

Ted Severson e Lilly Kintner conhecem-se num aeroporto de Londres. Conversam e bebem demasiados martinis enquanto aguardam pelo embarque num voo para Boston. Embalados pela bebida, os dois iniciam um estranho e arriscado jogo em que revelam pormenores da sua vida privada. Ted conta que a mulher, Miranda, o trai, chegando a dizer que tem vontade de a matar. Para sua surpresa, a enigmática Lilly mostra -se disposta a ajudá-lo. Se todos nós morremos, que diferença fará punir pelas próprias mãos quem merece ser punido? Mas Lilly não revela a Ted o seu passado tortuoso e sinistro. Assim começa uma perigosa e fatal corrida contra o tempo.

O autor escreve magistralmente, deixando o leitor em estado de permanente tensão, choque e expectativa mantendo-o dentro do seu jogo psicológico. Um livro impregnado de ação, suspense e adrenalina, reviravoltas e imprevisibilidade. Figurou durante meses em todas as listas de bestsellers do Reino Unido.
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Eu gosto dos livros por múltiplas razões. 


Um livro pode conquistar-me com vários argumentos: por personagens extraordinárias, pela intensidade da história, pela sobriedade e arrojo da escrita, pelos revés ou imprevisibilidade do enredo, entre outros. Neste caso  o que para mim me fascinou e sobressaiu foi a mecânica da escrita! A forma eficaz como estava estruturada a trama e as perspectivas das personagens!

A escrita é clara, com grande potencial e se o leitor estiver atento facilmente consegue perceber o cuidado com o detalhe das cenas. Como exemplo chamo a atenção para a interessante descrição que o autor dá às personagens que têm um cigarro (!) e como esses gestos revelam por si só um estado de espírito (ansiedade, nervosismo, determinação,...) ou uma atitude, contextualizando e credibilizando a personagem. A descrição utilizada é meticulosa mas subtil construindo realistas cenários e criando um ambiente sóbrio.

Quanto à estrutura.
O livro é dividido em 3 partes. A primeira "As regras dos bares de aeroporto", a segunda parte (p128) aparece a 46% do livro: "A casa em obras" e a terceira (p217), a 78% do livro trás o desfecho da história e dá pelo nome de "Esconder bem os corpos".

Os narradores não são estáticos, isto é, em cada capítulo há no mínimo 2 perspectivas - 2 narradores, contudo, de capitulo para capitulo há personagens secundárias que ganham protagonismo e ascendem a narradores. O alternar entre perspectivas é acompanhado por oportunos flashbacks. O efeito conseguido com estes mecanismos não só serve para dar uma visão mais ampla ao leitor, serve também a trama trazendo mistério e suspense quanto aos eventos futuros.
 
A história é cativante, simples e ainda assim muito suculenta como eu gosto. 

Peter Swanson tem um potencial imenso, com uma aparente simplicidade no enredo e na evolução da história dá fluidez à leitura e esconde atributos e uma complexidade invejável na trama.

Quanto às personagens, Lily é peculiar e com uma moral muito própria e ajustada aos seus interesses. Consegue com relativa facilidade criar empatia com o leitor.

Quando comecei a ler o livro, desde logo comecei a tecer uma teoria da hipotética evolução e desfecho do livro, tudo parece fácil e discernível, mas será assim tão linear? Prepare-se porque o autor vai surpreendê-lo como me surpreendeu a mim. Não confie nas suas certezas porque o autor não tem problemas de dar voltas de 360º! A partir da primeira reviravolta coloquei tudo em dúvida...

Recomendo. Um livro que não vai querer perder.










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