Opinião: O Peregrino de Terry Hayes



Obrigado TopSeller pela oportunidade de ler antecipadamente este excelente livro.
 




Uma surpreendente trama, que me amarrou desde as primeiras páginas, como um porto seguro que nos aguarda ao fim de cada dia.

O autor, Terry Hayes, foi argumentista de filmes como “Mad Max 2” e “Dead Calm” (Calma de Morte) e contribuiu também para o famoso “Payback – A vigança” com Mel Gibson, entre outros. Por isso este livro indiciava desde logo algo de muito bom.

O livro conta a história de um ex espião que aspira ter uma vida normal e constituir família. Ele resolve então escrever um livro sob o nome de um outro agente que já morreu onde expõe alguns dos seus casos e inovadoras técnicas de investigação. 

Mas alguém usa o seu livro para cometer o homicídio “perfeito”, sem rasto, sem qualquer pista que não seja o seu próprio livro.

Do outro lado do mundo, militares americanos descobrem acidentalmente indícios de uma ameaça de bioterrorismo que poderá colocar o mundo em risco. E o ex-agente é chamado para uma das aventuras mais perigosas e alucinantes da sua vida. Como seu adversário está nada mais que um médico jihadista, impiedoso, inteligente, determinado e com uma grande motivação …

Foi muito bom mesmo ... :)

Ao ler o livro não pude afastar a ideia da famosa boneca “russa” matrioska, que tem uma série de outras bonecas no seu interior. Quando era introduzida uma nova personagem trazia uma pequena história consigo que ajudava de uma forma imediata a criar empatia pelas personagens em causa. Pequenos e deliciosos tesouros.

 
"Se queres ser livre, tudo o que tens que fazer é largar.” P. 63

Quanto ao personagem principal pareceu-me muito sólido e consistente. Quando se pega num espião há sempre um grande risco de a personagem falhar!!!, isto porque temos na nossa mente personagens relevantes que nos encantaram e marcaram na ficção há vários anos atrás, não só pela inovação e arrojo da personagem, na altura, mas também pelo charme que emanavam, o James Bond  será um dos exemplos mais flagrantes. Adicionando o facto de isso ter criado na maioria das pessoas, eu incluído, uma imagem forte pelo impacto que teve e cuja memória se encarregou de empolar e reservar lugar de destaque num recanto especial da nossa mente.
 
"Vais amaldiçoar a escuridão ou acender uma vela?" P133  
O livro é assim, uma evocação constante à acção.

Mas é com satisfação que senti estes níveis de adrenalina, há muito sentida no que a espiões diz respeito, quando acompanhava, vidrado, o Peregrino. 

Outro risco que o autor correu foi atribuir uma inusitada experiência ao personagem, e também aqui, para meu deleite o autor ultrapassou as minhas expectativas pelos conhecimentos demonstrados em diversas áreas que me levaram a algumas pesquisas para validar a informação apresentada. Denota um árduo trabalho e cuidado com o detalhe. É gratificante ler livros assim.

A história é apelativa, bem estruturada e actual. 

A história tem uma abordagem inteligente ao terrorismo actual, à violência sem descuidar a componente humana de um povo e a sua própria cultura. Deixa uma mensagem muito clara para os excessos que se cometem, de ambos os lados, a coberto de uma qualquer "bandeira" e que negligenciam muitas vezes a vida humana. 

Este livro mostra as muitas debilidades do mundo ocidental, mostra como a "nossa" segurança é frágil. Acho que este livro transporta uma mensagem forte.
 
 
"Se estás enfiado na merda até ao pescoço, faças o que fizeres, não levantes ondas." P223

Adorei, este livro ficará marcado pela história, pela minúcia e pelo inquestionável dom de um exímio contador de histórias.

Uma boa noticia é que poderá haver  sequelas deste livro.

Só posso recomendar este livro, e se não fosse pelo facto de só estar à venda dia 26 de Outubro, diria para se deslocarem à livraria mais próxima e comprem já este livro.

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