Neste
thriller carregado de adrenalina, a genial hacker Lisbeth Salander e o
jornalista Mikael Blomkvist enfrentam uma nova e perigosa ameaça que os
leva mais uma vez a unir as suas forças.
Uma noite, Blomkvist recebe um telefonema de uma fonte confiável declarando ter informação vital para os Estados Unidos. A fonte tinha estado em contacto com uma jovem mulher, uma super-hacker que se parecia com alguém que Blomkvist conhecia bem de mais. As consequências são surpreendentes.
Blomkvist, a precisar urgentemente de um furo jornalístico para a Millennium, pede ajuda a Lisbeth, que, como habitualmente, tem a sua agenda própria. Em A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha, o duo que fez vibrar 80 milhões de leitores com Os Homens Que Odeiam as Mulheres, A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo e A Rainha no Palácio das Correntes de Ar encontra-se de novo num actual e extraordinário thriller.
Antes de dar a minha opinião gostava de contextualizar a
obra:
Após a morte prematura de Stieg Larsson, a série Millennium
estava condenada a ficar reduzida a apenas 3 livros em vez dos 10 inicialmente
previstos. Muito se especulava sobre os rascunhos e notas de Larsson dos
restantes livros que se encontrariam no portátil do autor. Como não podia
deixar de ser houve mesmo disputa judicial entre a ex-namorada de Larsson (Eva
Gabrielsson) e a família.
Em suma, por questões legais, Lagercrantz começa este livro do
zero, sem linhas condutoras, e sem amarras!
E dez anos depois da primeira
publicação revemos Lisbeth.
Depois de ler os três primeiros livros da série Millennium,
mal podia esperar por iniciar esta leitura. Havia da minha parte muita
curiosidade sobre este livro, primeiro porque o autor é outro e fiquei curioso
em saber se David Lagercrantz conseguia captar a essência de uma das mais
irreverentes e carismáticas protagonistas dos últimos tempos. Depois porque queria voltar a entrar na extraordinária vida
de Lisbeth.
Como não podia deixar de ser, a publicação deste livro foi
envolta em mil e um preparativos para não correr o risco de vir a público antes
do tempo. Os encontros com a editora Eva Gedin (que foi quem publicou Larsson também) foram sempre efectuados
em grande segredo. O trabalho foi feito em computadores off line e devidamente encriptado, tal como todas as cópias físicas vinham estampadas,
em cada uma das folhas, com avisos legais anti cópia. O próprio autor, após ter terminado o
trabalho, terá se refugiado num retiro na Finlândia para evitar que inadvertidamente
pudesse divulgar algum detalhe do livro antes da publicação!
O lançamento deste livro terá
coincidido com o 10º aniversário da publicação do primeiro volume da série
best-seller.
Quanto à história …
A vida profissional
de Mikael não vive os melhores dias. A sua escrita perdeu o brilho de outrora,
e não consegue encontrar o furo jornalístico que lhe permita dar a volta por
cima. Os problemas financeiros da revista são também uma realidade, e podem agravar
a sua situação e forçar à sua saída.
Quando se reúne com um informador, este dá-lhe informações
sobre uma possível notícia que envolve um perito em inteligência artificial (Frans
Balder), contudo Mickael está prestes a descartar a notícia como tantas outras,
mas um dos detalhes altera tudo. Uma Hacker muito dotada está envolvida, e
Mickael pressente que pode ser Lisbeth.
Este livro aborda assuntos bem actuais como violência
doméstica, NSA, inteligência artificial, segurança nacional, pirataria e
segurança informática, criptologia, vingança, autismo e muita acção à mistura.
O assassinato de Frans Balder é o propulsionador desta
aventura, em que a curiosidade jornalística de Mickael e o singular sentido de
justiça de Lisbeth fazem o livro mergulhar num misto de acção e suspense
cativando e prendendo o leitor.
A história está bem construída, é auspiciosa. Repleta de
personagens. Na minha perspectiva foi bem conseguida e é muito apelativa.
O autor utilizou o eventual reencontro de Lisbeth e Mickael
para trazer suspense e tensão à trama. E utilizou um mecanismo interessante
para manter o interesse do leitor, utilizou a perspectiva de várias
personagens, que em pequenas partes coincidiam temporalmente com as narradas anteriormente
por outras personagens, gerando uma perspectiva mais tridimensional de
determinada cena.
O autor terá referido, na apresentação do livro, que se
baseou no caso Edward Snowden e nas suas divulgações relativamente à N.S.A.
para construir a história.
Este é um apaixonado reencontro do leitor com Lisbeth.
Stieg
Larsson vs David Lagercrantz
Quanto ao autor, não me parece que se possa comparar Stieg
Larsson com David Lagercrantz, não que um seja melhor que o outro, mas são claramente
diferentes. Cada um com argumentos de peso que levam o leitor a entrar na
história despudoradamente.
O The Guardian sugere que o cunho de Larsson, acabou por ser
mais próximo dos primeiros rascunhos, da obra em bruto, sem ser
convenientemente polido o que ofereceu uma forma diferente de apresentar uma
história. Enquanto David oferece uma escrita mais limpa, mais trabalhada e mais
próxima do preconizado para este tipo de género literário.
David conseguiu, a meu ver, captar o espirito de Lisbeth, e
manter viva a chama que lhe dava uma luz diferente, e só este facto per si seria
mais do que um argumento suficiente para ler o livro, mas há outros, muitos outros argumentos... Não deixa de ser a sua
visão de Lisbeth, mas facilmente a conseguimos reconhecer.
Contudo há uma ou outra diferença, a violência que acompanha
Lisbeth, parece-me que não é tão visceral como a imputada por Larsson. Julgo
que na cena em que Lisbeth se confronta com um agressor de violência doméstica,
pela mão de Stieg, a personagem seria bem mais agressiva. A violência de Larson
é mais visceral. Mas não diminui de forma alguma a escrita de David.
A título de curiosidade, reparei que David troca as menções
a produtos de Apple (iPhone, iMac, …) por menções a produtos como Samsung e
referências ao sistema android. Dei-me também ao cuidado de validar algumas das
referências, factos e detalhes usadas por David, que se mostraram fidedignos.
Sê bem vinda Lisbeth...
Lisbeth é uma personagem extraordinária, para mim a melhor
desta última década.
Analisando em retrospectiva, acho que o que me fascina
nela é a postura, o quebrar do molde imposto pela sociedade, a rebeldia, a
solidão, mas acima de tudo o simbolismo que representa. A forma como uma “outsider”
nos mostra o mundo e os seus defeitos.
Acho interessante que tanto Mickael como Lisbeth tenham
dificuldade em dormir. Eu sempre que leio um livro da série experiencio a mesma
dificuldade, a necessidade ávida de saber um pouco mais suplanta a natural
necessidade de repouso.
Gostei muito desta nova etapa da série Millennium. David
parabéns, venha o próximo.
O que se segue ...
Foi confirmado nos últimos dias, pelo facebook da D. Quixote, que a publicação dos novos
livros da saga continua e já tem calendário:
Nota: O QP (Quadro de Personagens) é uma nova iniciativa do blog que visa a dinamização dos nossos conteúdos.
A ideia é oferecer ao leitor uma imagem de algumas das personagens principais e suas relações.
Uma vez que a publicação dos livros de uma série estende-se no tempo, pretende-se dar ao leitor uma imagem resumida que situe as personagens que compõem a série e algumas das ligações, conseguindo um maior envolvimento com a obra. Esta ideia surgiu pela troca de impressões com leitores que por vezes diziam que tinham que reler partes do livro anterior para relembrar-se das personagens.
Este quadro não tem como objectivo incluir todas as relações e dados das personagens, tal como não pretende
desvendar nenhum dado relevante do enredo, pelo que alguns dados podem ser suprimidos.
O QP é parte de uma folha de trabalho que o blog costuma utilizar para avaliar os livros que lê.
Uma vez que não estamos isentos de erros, lacunas ou lapsos agradecemos todo e qualquer contributo que achem pertinente para melhorar o quadro, ou corrigir algum dado ai divulgado pelo que disponibilizo o mail do blog para os comentários livrosemarcadores@gmail.com (Para facilitar a cooperação e nossa resposta no assunto deve constar QP\Série ex: "QP\Millennium").
Gratos, antecipadamente pela cooperação