Opinião: Maestra de L. S. Hilton




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Durante o dia, Judith Rashleigh trabalha numa prestigiada leiloeira de Londres. Ambiciona uma carreira no mundo da arte e, apesar das origens humildes, tornou-se uma mulher sofisticada.

Para fazer face às despesas, aceita trabalhar durante a noite como acompanhante num dos bares da capital. Mas depressa o sonho de uma vida luxuosa se desmorona.

Desesperada, acompanha um dos clientes do bar numa viagem. Após um acontecimento que marca o seu destino, Judith envereda por um caminho violento e tortuoso. Assistimos à ascensão de uma mulher à margem da lei e da moral, segura do seu rumo.

Mas mais do que possível, será a redenção desejável?
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Judith Rashleigh quer vingar no mundo competitivo e agressivo da moda. Como seria de esperar os obstáculos são mais que muitos e impelem-a a procurar apoio no sitio mais improvavél! Tudo na vida tem um custo, estará Judith preparada para pagar o preço pelo que ambiciona?


A autora surpreendeu-me do inicio até ao final do livro.

Para mim este livro teve um sabor agridoce!

O género erótico não é um dos meus preferidos, é certo, mas garantiram-me que este livro tinha mais do que o mero erotismo, que escondia um toque sombrio e arrepiante, assim embarquei com vontade de ver o que a autora me tinha reservado.


O que adorei neste livro foi a personagem principal, Judith. Adorei a sua personalidade, com valores muito próprios, sem complexos e muito obstinada.

A sua evolução ao longo do livro não é harmoniosa, é provocante e inopinada. Essa evolução é-nos apresentada em degraus de diferentes graus e tamanhos. 


Começamos com uma mulher algo "submissa" profissionalmente, que procura a custo vingar no mundo da arte. Uma mulher que veste a camisola, que quer provar que está à altura do lugar que ocupa e quer ascender na carreira. Mas ainda assim, coloca limites naquilo a que está disposta a aceitar. A imagem que criei aqui foi de uma mulher algo ambiciosa, inconformada e com valores morais que quer preservar.

A dada altura descobrimos a sua descomplexada vida sexual que faria o mais incauto dos leitores ficar ruborizado. A sua perspectiva e visão do sexo é de uma naturalidade que choca com a imagem criada anteriormente. Vemos então uma mulher promiscua e desinibida. Que sabe o que quer de si e dos seus parceiros. Uma mulher descomplexada.

Na continuação, vemos uma evolução, vemos uma mulher que se sujeita a determinados actos em prol do seu objectivo. Vemos o seu instinto de auto-preservação. Uma mulher que se vê obrigada a adaptar ás vicissitudes que a vida cruelmente lhe impôs. Ainda assim vemos uma mulher refém das circunstancias.

E por último, vemos o seu lado gélido! E esta é a faceta que mais me fascinou. De um momento para o outro vemos o seu apogeu! Um friozinho percorre as costas do leitor e deixa-o arrepiado ao percepcionar o inesperado, ao ser confrontado com o improvável. A manipulação e a convicção dessa manipulação. A destreza de raciocínio e o seu lado mais sombrio. Foi inesperado e apanhou-me completamente desprevenido.

O final também surpreendeu, esperava um desfecho e ganhei a promessa de continuação da aventura.

Recomendado para maiores de 18 anos, sem complexos e que apreciem um pouco de violência.


Não resisto em deixar um dos quadros referidos no livro: uma obra de Artemisia Gentileschi , «Judith and her Maidservant (1613–14)» que quis pesquisar e conhecer melhor. Mostra uma imagem de aparente passividade, de aparente descontracção de duas mulheres. Mas se olharmos com mais atenção podemos percepcionar que o que transportam é a cabeça de um homem. E a nossa percepção altera-se, vemos então preocupação, vemos medo que alguém as siga. Vemos a espada, que foi a responsável pela decapitação. É como o livro, a percepção vai-se alterando à medida que a trama  avança.




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