Um jovem é encontrado morto nos jardins de um colégio feminino.
A polícia não consegue apurar os culpados, nem clarificar as circunstâncias do crime.
Mas alguém viu e sabe o que se passou…
“Sei quem o matou” é a legenda de uma foto do rapaz assassinado, que aparece misteriosamente afixada no Sítio Secreto: o quadro de avisos da escola feminina, onde as alunas afixam segredos de forma anónima.
Esta pista inesperada relança o detetive Stephen a desvendar um nó de segredos para chegar à verdade.
A polícia não consegue apurar os culpados, nem clarificar as circunstâncias do crime.
Mas alguém viu e sabe o que se passou…
“Sei quem o matou” é a legenda de uma foto do rapaz assassinado, que aparece misteriosamente afixada no Sítio Secreto: o quadro de avisos da escola feminina, onde as alunas afixam segredos de forma anónima.
Esta pista inesperada relança o detetive Stephen a desvendar um nó de segredos para chegar à verdade.
Nos jardins de um colégio feminino foi descoberto um jovem
assassinado! Após uma investigação infrutífera e volvido um ano surge um novo
elemento que pode trazer luz à resolução do Crime! “Sei quem o matou”! foi a
mensagem deixada num quadro de mensagens do colégio, e esta poderá ser a pista
necessária para Stephen e a sua colega desvendarem o mistério.
Foi com bastante entusiasmo que recebi a notícia de que o
Clube do Autor ia publicar o quinto livro da série “Dublin Murder Squad” de
Tana French. Tana French é considerada uma das escritoras de referência dentro
dos “policiais”, sendo apelidada de “Primeira Dama do Crime Irlandês”.
Dona de uma escrita peculiar foi reconhecida várias vezes pelos
seus pares e através de prestigiados prémios literários. É também uma das
minhas autoras preferidas.
Tana tem dupla nacionalidade, nasceu nos EUA e vive na
Irlanda, pais que adoptou como segunda nacionalidade. Casou com um actor de
quem tem dois filhos e vive em Dublin. (e não me estendo mais …).
Quanto ao livro, gostei muito. Este, como todos os livros da
autora que li, são como um prato gourmet, detém um requinte distinto, intenso. Requer
(se o leitor for maior de idade) um copo de vinho e uma noite silenciosa a
acompanhar.
Recomendo-o para uma leitura atenta, a que o leitor se deve
entregar, sem reservas, aos hábeis dotes literários da autora. Sem pressas, com
o tempo e a cadência que a história impõe, de forma a nenhum sabor passar
desapercebido, de forma a poder apreciar a impressionante destreza para o
detalhe.
Uma das peculiaridades dos livros da autora, e este não foge
à regra, é que cada livro tem um narrador diferente. Há uma espécie de promoção
das personagens, a personagem principal de um livro tende a ser uma personagem
secundária do livro anterior.
Argumenta a autora que escreve desta forma para não se
sentir reclusa das mesmas personagens nem de um mesmo estilo durante anos, e
assim poder apresentar uma perspectiva diferente em cada livro. A alternância
entre narradores apresenta-se, de facto, como um elemento dinamizador na
evolução da série.
As personagens, quanto a mim, são a perola de qualquer livro
de Tana, são um exemplo de caracterização, envolvem uma profundidade exemplar.
Há aqui um trabalho árduo que facilmente é confirmado pela imagem que cria no
imaginário do leitor. Cada detalhe é esculpido com minucia e zelo
irrepreensíveis. O discurso, as reflecções, os maneirismos, a postura e a
evolução: coerentes e oportunos. Provavelmente seja a veia de atriz a falar.
Desafio o leitor a deleitar-se com a consistência,
tridimensionalidade e verossimilhança das personagens vertidas nos livros da
autora.
Holly e as colegas revelam uma imagem tão forte e tão
verosímil que choca pelo realismo! Através delas é-nos apresentado um retracto interessante
da juventude, que oscila entre a irreverência e a ingenuidade. Entre a
necessidade de se afirmar, a necessidade de pertença e a vontade de um
amadurecimento precoce que muitas vezes sucumbe pelos imaturos alicerces.
Reduzir um livro de Tana French à mera descoberta do culpado
é, quanto a mim, negligenciar o prazer da leitura em toda a sua dimensão, além
de que outra peculiaridade dos livros da autora é que o foco é a história em si,
e não (apenas) a resolução do crime.
A escrita da autora é revestida de muitas outras peculiaridades
o que diferencia a sua escrita claramente de outros autores. Desde logo, a
autora, quebra quaisquer regras/moldes que são dados como característicos e
definidores deste género literário. Diz-se que o género impõe um crime, que o
foco é a investigação, que apesar das adversidades se alcança e encontra o
criminoso, diz-se que tem que haver a punição do mesmo…
A escrita deve a ser fluída favorecendo a acção e aliciando
o leitor numa leitura rápida em busca do culpado, ganhando dinâmica.
Contudo os livros de Tana French quebram muitas destas
características. Para Tana French isso não é obrigatório! O final não tem que
acabar com o encontrar do culpado ou da justificação do crime. É o caso de
alguns dos livros anteriores!
Argumenta a autora que são estes, os livros que fogem do
tradicional, que recordamos. Eu concordo, a vida não é a preto e branco, há
muitas cores intermédias e várias tonalidades a descobrir. E estes são os
livros que se mantêm connosco muito para além da leitura pelo final em suspenso
que nos faz reflectir.
Quanto à fluidez da leitura: se, como eu, é um leitor que
gosta do detalhe e de poder usufruir do livro em toda a plenitude, então sugiro
que quando ler este livro, ou qualquer outro da autora, que leia com tempo, que
atente à descrição, à construção dos cenários, à maravilhosa caracterização das
personagens e usufrua de uma escrita madura e impar. O resultado de uma leitura
assim é tangível, recompensador e acolhedor.
Apraz-me dizer que este foi para mim um "prato de
autor". Não é um prato para matar a fome ávida de uma história. É um prato
que requer atenção e tempo para mergulhar, saborear e percepcionar todas as
nuances que autora nele cuidadosamente plantou.
Espero ter conseguido despertar a vossa atenção e
curiosidade para o livro e para a autora. Não me faltariam argumentos, o difícil
é seleccionar apenas alguns. Este é, para mim, um livro que deve constar em
qualquer mala de viagens de férias e numa biblioteca digna desse nome.
Nota: Desejo, e peço encarecidamente à editora Clube do
Autor que publique o outro livro da autora que ainda não foi publicado em
português, “Broken Harbor”.