Opinião: A Mulher Má de Marc Pastor



 
Barcelona, 1912. Há crianças a desaparecer. Quando um cadáver é encontrado numa viela estreita, dilacerado e sem um pingo de sangue, surgem rumores bizarros sobre um «vampiro» que se move pelas sombras da cidade e que anda a roubar as almas dos inocentes.

Para a polícia trata-se apenas de mais um cadáver, num lugar onde a morte e o crime são tão frequentes que se tornaram banais. E quanto às crianças desaparecidas, ninguém quer saber dos filhos das prostitutas que povoam Barcelona.


Mas para o inspetor Moisès Corvo — um polícia rude e dissoluto, mas com um sexto sentido peculiar — este é um mistério que tem de ser resolvido, com um criminoso que afinal é uma mulher.


Gótico e chocante, A Mulher Má revela um mundo macabro, uma história verídica que nos faz duvidar de um dia ter realmente existido uma mulher tão pérfida, capaz de crimes tão monstruosos.
Um livro assombroso que agarrará o leitor da primeira à última página.

Tão cativante quanto assustador. Uma mistura de CSI com Jack, o Estripador, na Barcelona do início do século XX.

 

Começam a desaparecer crianças em Barcelona, e a população entra em pânico. Numa altura onde a pobreza extrema, e a tuberculose são características mais que acentuadas.

O inspector Moisés Corvo, que perdeu dois filhos, parece ser um dos poucos que se sente incomodado com o caso e promete não dar tréguas ao responsável.


Intensamente perturbador ... 

É um livro que toca o leitor, pelas descrições, pelo retrato vivido da maldade e insensibilidade humana no seu estado mais cru. Pelo retrato incrível de uma sociedade pobre e sofrida.

Junta-se neste livro uma elevada qualidade literária e uma história macabra. Para mim o facto de esta história ter uma base real, acentua e intensifica o seu valor.

A escolha do narrador foi inteligente, escolher a própria morte para nos contar esta história, brilhante ... É de notar que para acentuar a maldade de Henriqueta e a sua insensibilidade, até a morte, insensível e implacável por natureza consegue mostrar resquícios de humanidade durante o livro.

Outra mais valia deste livro foi a caracterização do inspector Moisés. Onde a as qualidades se misturam e fundem com os seus defeitos e lhe dão uma dimensão extraordinária e contextualizada na história. A sua determinação e obsessão são ricas, tal como as referências literárias que são utilizadas ao longo do livro.

Terá o conto Hansel e Gretel (ou João e Maria), "dos Irmãos Grimm", alguma base na história de Enriqueta Martí? O conto de Hansel e Gretel, embora frequentemente atribuído aos irmãos Grimm, são na realidade histórias que vinham da sabedoria popular. Não esqueçamos, que a história foi adornada (suavizada) ao longo dos tempos. Seja como for, as analogias são muitas...

Os amantes do género literário policial, têm aqui uma obra notável, de grande qualidade literária e que promete, em doses iguais, cativar e chocar o leitor. 

Leitura obrigatória, com a pequena ressalva (minha) que esta leitura, face às descrições, não seja apropriada para todas as idades. 

Enriqueta Martí foi uma assassina em série, curandeira, mendiga, prostituta e proxeneta. Esta é a mulher que o autor verteu neste livro. Presumivelmente protegida por a alta sociedade. Considerada uma das assassinas em série mais mortificas em Espanha, e ainda assim não se conseguiu apurar o número total de vítimas. (wikipedia).

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