1 - A sua mais recente obra, “Os Sítios Sem Resposta”, marca um regresso ao mundo da ficção. Que ingredientes poderemos encontrar neste livro?
De cada vez que um autor propõe uma leitura para um romance, os leitores renegam automaticamente todas as outras. Pode ser um desperdício. Mas penso que, de diferentes maneiras, este livro é sobre a identidade, sobre solidão, sobre culpa... E é, claro, sobre o mundo dos homens, a relação pai/filho, o confronto entre o campo e a cidade e até o futebol como recurso de comunicação inter-geracional. Suponho que estejam lá, em diferentes quantidades, todos esses ingredientes.
2 - Li numa entrevista sua que considerava esta uma outra fase. Durante estes 10 anos de pausa, o que mudou no escritor?
Penso que cresci. A nível de visão do mundo e a nível de recursos técnicos. Se isso dará melhores livros, veremos. Mas eu tenho menos facilidade em faltar ao respeito a este Joel Neto do que ao de há dez anos. Penso que isso já é alguma coisa. O respeitinho é uma coisa muito bonita.
3 - Onde e quando gosta de escrever?
Infelizmente, só consigo escrever uma vez por semana. Tenho de fazer uma ginástica dos diabos para proteger esse dia – e depois, ao longo dele, uma série de pausas, até dar por mim a respirar de uma certa maneira. Se tiver três horas úteis de redacção por semana, é excelente. O onde já é mais fácil: nas minhas casas, incluindo a de Lisboa e a da Terra Chã, na ilha Terceira. São embalagens diferentes e complementares. Fazem-me igualmente falta.
4 - Tem alguma rotina rígida ou deixa fluir as ideias ao escrever?
Rotina rígida, não tenho. Tenho algumas vagas balizas, que depois o próprio texto se encarrega de pulverizar. Mas tento sempre avançar, seguir em frente, e ter pelo menos concluído o esboço da cena, do capítulo, da parte em que estou a trabalhar.
5 - Que livro o marcou mais?
Como autor? Este. É o meu melhor livro. Como leitor, tenho muita dificuldade. O primeiro livro que comprei foi “Um Deus À Beira da Loucura”, de Daniel de Sá. Talvez poucos livros me tenham marcado como esse que me levou pela primeira vez a abdicar dos vícios típicos da adolescência para comprar um livro. Foi o nascimento de alguma coisa, com toda a certeza.
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